POEMA
Caminhada matinal
Na mão um bastão,
Na cabeça um vazio.
Num passo de estrada
As flores caminham ao lado.
O som da passada seca
Afugentou a tudo e a todos,
Aos poucos ouço cigarras
E grilos apaixonados.
O joão-de-barro canta alto
Fazendo a corte para a companheira
No alto do poste frio,
Tendo o bem-te-vi por testemunha.
No céu, as nuvens estacionaram,
Cheguei à metade; é triste a volta.
Sou grato por essa sombra discreta.
Os versos já nasceram, hora de voltar.
Cláudio Loes