ALETHEIA

Análise da figura de Escobar e a necessidade do ceticismo político

O livro biográfico “Pablo Escobar: Meu Pai”, foi escrito pelo filho do narcotraficante colombiano da década de 80 e foi a leitura realizada em outubro. Sobre aspectos desse personagem histórico, dedica-se essa coluna.

Para se começar, Pablo foi mundialmente conhecido pelo terrorismo praticado em perseguição contra opositores políticos e traficantes, também pela gigantesca fortuna acumulada no tráfico de cocaína. Entretanto, engana-se quem pensa que em seu país sua figura é tratada como a de um monstro. Afinal, o traficante, de origem pobre, fez, entre outras ocupações, uma breve carreira política em que se dispôs a ajudar as camadas mais necessitadas da Colômbia.

Seu filho e autor do livro, Juan Pablo, comenta o lado controverso do pai: sabia ser um homem justo e bom aos pobres, mas era um tirano para com pessoas que se metessem na frente de seus planos políticos ou de negócios.

De origem marxista, nos é exposto que Escobar teve contato com os ideais de Lenin, Marx e Mao. Isso nos ajuda a entender o pensamento político dele, além de justificar os ataques de guerrilha que o traficante efetuou ao longo de sua carreira com as drogas e contra opositores políticos.

Nesse sentido, a percepção de bem e mal deve ser discutida. O autor do livro é, em parte, um entusiasta de algumas ideias populistas do pai. Por outro lado, expõe o lado tenebroso de Pablo. A verdade para quem lê, no final, é a de que Escobar era um psicopata: ele sabia como ser bom e como ser ruim; mas de toda a forma, sabia que o princípio de suas ações era com base na satisfação pessoal de seus ideais.

Por fim, ao ler esse livro, despertou-me o senso de alerta diante de figuras que possam ser semelhantes à Pablo. Figuras que, mesmo ajudando os pobres esporadicamente, escondem a periculosidade de suas ideologias por baixo dos panos. Afinal, Escobar ajudou muitos pobres em Medellin, mas isso não o impediu de fazer planos com as FARC ou mesmo financiar ditaduras na América Latina para concluir seus ideais. Por isso, sempre que um político hoje querer ajudar demais os pobres e querer vender a ideia de humanista, é necessário que abramos o olho.

Matheus Augusto

Matheus Augusto da Cruz, acadêmico de medicina da Unidep, dono das páginas Aletheia, no Facebook e @apriorialetheia, no Instagram