Não basta existir, é necessário pertencer

A ideia de pertencimento muitas vezes é desafiadora, como se fosse uma exigência para ser normal. Esse julgamento começa ainda na infância, onde as crianças são ensinadas a seguir o padrão semelhante aos demais. Vocês lembram da história do patinho feio? Ele não era aceito pelo seu grupo por ser diferente, e a realidade é que ele jamais seria igual, por mais que tentasse de tudo não conseguiria, pois, era um cisne. Quem nunca se deparou com aquele sentimento angustiante e desconfortável de não fazer parte do lugar onde se encontra ou das suas intenções não serem compreendidas? E para ser aceito se diminui ou parece ser outra pessoa apenas para se relacionar com o grupo. Quando falo sobre o desejo de pertencer, não faço referência ao ato de entrar em mais uma comunidade qualquer do Facebook, de ser destaque numa rede social ou ter milhares de seguidores no Instagram, mas sim, sentir-se parte de algo e ser reconhecido como alguém útil e importante. Aquele sentimento de que você não se encaixa em alguns lugares está relacionado ao ato de não ser reconhecido como você realmente é. A partir da expectativa frustrada em relação ao outro, surge o sentimento de culpa, e muitos passam a desacreditar no próprio potencial igual o conto literário do patinho feio. Consequentemente, surgem dois tipos de solidão: numa você se vê cercado pela multidão e, mesmo assim, sente que está sozinho, noutra você percebe a ausência de vínculos, quando não se sente acompanhado, nem por si próprio, nem pelo outro, perde a principal conexão com o mundo e com você mesmo. Cada ser é único e precisa criar uma identidade própria, criar relações de troca que fazem bem e ajudam a crescer. Ninguém deve ter vergonha das próprias emoções. Por isso, escolha conviver com pessoas que aceitam as suas diferenças e o seu jeito de ser, agir e reagir diante das situações. Quem ama cuida e faz bem, quem quer você por perto não exclui nem lhe deprecia. Olhe para os animais, eles têm tanto a ensinar, já faz tempo que evoluíram e passaram a conviver/adotar espécies diferentes com respeito. Portanto, nunca deixe de ser você, sempre há novas possibilidades, talvez você, também, está no “bando” errado e só precisa encontrar o lugar certo para brilhar.

Joceane Priamo

Joceane Priamo nasceu em Francisco Beltrão-PR, em 23 de maio de 1988. É formada em Letras Português e Literatura pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) e Pedagogia pela Faculdade Campos Elíseos (FCE), pós-graduada em Docência no Ensino Superior, Antropologia, Educação Especial e Intelectual. Em março de 2021, lançou seu primeiro livro, Francisco Beltrão entre Versos e Sonhos. Participa da coordenação da Via Poesis e como membro do Centro de Letras de Francisco Beltrão, é professora, escritora, poetisa e cronista.