Cinco comédias românticas atuais para assistir no Dia dos Namorados
Poucas coisas combinam mais com o Dia dos Namorados do que uma boa comédia romântica. Pena que achar uma com qualidade nos dias de hoje seja uma tarefa inglória. E nem precisa ser do nível de Harry e Sally – Feitos Um para o Outro, que saiu em 1989 e nunca parou de ser citada como uma comédia romântica exemplar. O que se pede é uma história típica do gênero, mas que traga algum frescor, vá um pouquinho além do óbvio.
Pelas contas da crítica de cinema Isabela Boscov, 45% das comédias românticas são sobre casais improváveis. Outros 45% são sobre casais que acham que se detestam, mas se adoram. Nos 10% restantes estão filmes que são variações desses dois cenários dominantes, com uma ou outra ideia diferente. O que importa mesmo, segundo ela, é se o desenrolar do longa-metragem é divertido, bem bolado, e se o espectador acaba torcendo para que as duas pessoas terminem juntas.
Como sugestão para uma sessão em casa na próxima segunda-feira, após o jantar romântico e antes de melhor parte, aqui vão cinco comédias românticas filmadas em tempos recentes que entregam o que se espera do estilo, porém fugindo do lugar comum em algum aspecto.
Café Society (2016)
Uma lista de comédias românticas é uma bela desculpa para incluir um filme de Woody Allen. Apesar de ser um mestre em escrever histórias de amor engraçadas, o cineasta de 87 anos vive um ocaso que não condiz com seu tamanho, por conta das acusações de assédio em família que enfrenta. Quem não o cancelou pode se deleitar com sua filmografia, cada vez mais irregular, mas ainda capaz de oferecer obras como Café Society, que narra a saga do jovem nova-iorquino Bobby Dorfman, nos idos de 1930. Ele se muda para Hollywood e começa a trabalhar com seu tio, um empresário de artistas, e se apaixona por sua secretária, Vonnie, que já está metida em outro romance. A impossibilidade do amor faz Bobby retornar a Nova York, mas lá ele é procurado por Vonnie, e a leva para conhecer seus lugares favoritos da cidade. Aí Woody deita e rola, pois mostrar a Big Apple é um dos seus maiores talentos.
Juliet, Nua e Crua (2018)
Baseado no livro do inglês Nick Hornby, especialista em boas histórias de amor com elementos de humor, Juliet, Nua e Crua conta com direção de Jesse Peretz, que integrou a banda The Lemonheads antes do sucesso. A troca da música pelo cinema foi acertada, como atesta esse filme de 2018 que enfoca um casal em crise. Duncan gosta mais do trabalho do misterioso cantor Tucker Crowe do que de sua namorada, Annie. Ela, após um ato de sincericídio, acaba estabelecendo contato com o tal cantor e depois desenvolvendo uma relação com ele, para a total inconformidade de Duncan. Só a ideia de um fã ensandecido perder a mulher para o artista que ele venera já valeria o filme, mas Juliet, Nua e Crua vai muito além, revelando questões humanas que atingem a todos, inclusive a artistas que parecem estar acima dos problemas mundanos só porque estampam capas de discos.
Casal Improvável (2019)
Seth Rogen vive um jornalista deprimido e desempregado que por acaso reencontra sua ex-babá, papel de Charlize Theron, então exercendo o cargo de Secretária de Estado dos Estados Unidos, e em processo para se tornar a próxima presidente do país. A mulher mais poderosa do mundo decide contratar o jornalista para humanizar seus discursos e assim tocar o coração do eleitorado americano. Mas é lógico que os corações tocados são os dos dois, que passam a viver o dilema de ser o “casal improvável” que batiza o filme no Brasil. Todo o charme da película reside na química entre Rogen e Charlize, que nenhum crítico foi capaz de espinafrar. Especialmente nas cenas em que está em apuros, a dupla convence como par romântico, por mais que a Secretária de Estado pareça muita areia para o caminhãozinho do milongueiro da imprensa livre.
Matrimilhas (2022)
Como salvar um casamento com filhos pequenos em que marido e mulher não são mais nem sombra do que foram quando começaram a relação? Com essa premissa, o filme argentino apresenta Belén e Federico, que recorrem a um app revolucionário que promete resgatar a paixão de outrora com um sistema de milhas. A cada gesto de amor cotidiano, o usuário acumula milhas que podem ser usadas para atividades fora do matrimônio. Como Fede almeja participar de um concurso culinário em Cancún com dois amigos e tem receio de contar isso para a esposa, ele se empenha em acumular pontos pelo app, tornando-se assim o marido mais dedicado de Buenos Aires. Claro que Belén descobre que é a viagem com os amigos que move Fede e a encenação cai por terra. Mas há redenção nessa leve comédia portenha, cujo destaque é Belén, interpretada pela formosa Luisana Lopilato, também conhecida por ser casada e ter quatro filhos com o cantor canadense Michael Bublé.
Amor ao Primeiro Beijo (2023)
O editor de livros Javier tem um super poder que também é uma maldição. Toda vez que beija uma mulher pela primeira vez, um filme passa em sua cabeça revelando como aquela relação irá se desenvolver. Como esses flashes nunca mostram histórias felizes, ele se antecipa e encerra os namoros muito antes de alguma crise se estabelecer, o que deixa suas parceiras primeiro incrédulas, depois revoltadas. O jogo muda quando ele beija a namorada do melhor amigo e um futuro espetacular se anuncia instantaneamente. Esse é só o ponto de partida desse esperto filme espanhol, lançado em março na Netflix. A diretora Alauda Ruiz de Azúa conduz a típica comédia romântica com maestria, cercando um protagonista aborrecido e atormentado de coadjuvantes carismáticas que o ajudam a entender o sentido da vida.