IMPOTÊNCIA

IMPOTÊNCIA
(Cleusa Piovesan)

Assisto aos dias desfilarem
Pela lente disforme e opaca
De “minhas retinas tão fatigadas”
Entre o caos do tudo e do nada

Apenas assisto…
Espectador impotente
E desconfio do que vejo
Ouço, cheiro… toco em pouca coisa
O toque está proibido

Salva do ócio por um livro
Ou por uma série ou filme
Avessa às más notícias da TV
E às fake news da internet
Perdi a confiança até em mim mesma

Meu olhar se perde nas frestas
Das lembranças que passeiam
Entre o júbilo e o desprazer
E reflito… e me angustio…
Esqueci-me o que é viver?

Mais um dia… outra noite
No intervalo de uma existência confusa
Sonhos num vazio mirabolante
Aprisionados num fugaz instante
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Cleusa Piovesan – Doutoranda em Letras, Mestra em Letras, com graduação em Letras – Português/Inglês e em Pedagogia; organizadora de dois livros com alunos, e 12 obras de autoria própria; tem participação em mais de 50 antologias e coletâneas; é Acadêmica do Centro de Letras do Paraná, da Academia Brasileira de Letras e Artes Minimalistas, da Associação Brasileira de Poetas Spinaístas, e do Centro de Letras de Francisco Beltrão.