SILÊNCIOS E VAZIOS

SILÊNCIOS E VAZIOS
(Cleusa Piovesan)

Ando afeita a silêncios,
Neles aprendi a preencher os vazios
Das espirais de minha existência…
Estou cercada por multidões,
Mas encarcerada em meus pensamentos
Que ora me torturam, ora me distraem
Mais que a conversa à toa
Que bruxuleia a minha volta
E que parece vir de uma terra distante,
Trazendo ecos de vidas passadas,
E mal-passadas, que não quero viver.
Ensimesmada, quem sabe casmurra
Já não convivo com quem
Não tem nada a me acrescentar.
Sinto-me voar, flutuar, navegar
Num universo paralelo,
Distante de tudo o que me tira a paz
Divago, num sonho vago, e apago.
Chamam-me à razão.
Para quê?
A prisão de minha alma
Me libertou da hipocrisia de agradar,
De sorrir, de representar.
Louca? Talvez…
Santa? Jamais… Viva?
Para sempre, ou nunca mais!
_______________________________
Cleusa Piovesan – Doutoranda em Letras, Mestra em Letras, com graduação em Letras – Português/Inglês e em Pedagogia; organizadora de dois livros com alunos, e 12 obras de autoria própria; tem participação em mais de 50 antologias e coletâneas; é Acadêmica do Centro de Letras do Paraná, da Academia Brasileira de Letras e Artes Minimalistas, da Associação Brasileira de Poetas Spinaístas, e do Centro de Letras de Francisco Beltrão.