O QUE VERTE?

O QUE VERTE?
(Cleusa Piovesan)

Meus olhos não vertem mais,
Vertiginosamente,
Lágrimas de dor ou saudade.
Secou a vertente
Por total destituição de sua função natural.

O que verte?
O que traz vida.
O que verte?
O que transborda.
O que verte?
O que se espraia incontidamente,
Vertendo abundância.

Só resta a vertigem
Da vertente seca
Que ofusca meu olhar
Perdido na insensatez
De quem desistiu de amar,
Vertido de desilusões.

O que verte?
O vazio da fantasia
Que vesti a verter soluços
Quando não senti nem mais a ausência
Do corpo que me aquecia.
Restou apenas uma vertente vazia.
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Cleusa Piovesan – Doutoranda em Letras, Mestra em Letras, com graduação em Letras – Português/Inglês e em Pedagogia; organizadora de dois livros com alunos, e 12 obras de autoria própria; tem participação em mais de 50 antologias e coletâneas; é Acadêmica do Centro de Letras do Paraná, da Academia Brasileira de Letras e Artes Minimalistas, da Associação Brasileira de Poetas Spinaístas, e do Centro de Letras de Francisco Beltrão.