NUVENS APAGADAS

NUVENS APAGADAS
(Cleusa Piovesan)

Tomei uma dose de insônia
Para ver na madrugada
O fio da lua crescente
Pela janela aberta
Num instante, estava desperta
A beleza me incendiava…
E o sono dissipava.

Uma nuvem passageira
Invejosa, traiçoeira
Ocultou minha visão.
Apreciei o espetáculo
Do tímido brilho da lua
Que, meio envergonhado,
Sorria-me despreocupado.

Eu, cá, em meus pensamentos
Lembrei das nuvens de outrora
Que jamais fizeram aurora
Em sua soberba, apagadas,
Não revelaram beleza
Pois a cobiça, a inveja
Ofuscaram seu momento.

Triste lastro de existência
De quem só vê obstáculos,
E não aprecia o espetáculo
De quem surge a brilhar
Sem necessitar de plateia,
Humilde, e não vulgar.
Simplesmente, é seu lugar!

Quantas nuvens despeitadas,
Desgarradas, sem valores,
Ocultaram o brilho alheio,
E não puderam se mostrar,
Pois as luzes da ribalta
São para o astro mais alto,
Que conhece o seu lugar!
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Cleusa Piovesan – Doutoranda em Letras, Mestra em Letras, com graduação em Letras – Português/Inglês e em Pedagogia; organizadora de dois livros com alunos, e 12 obras de autoria própria; tem participação em mais de 50 antologias e coletâneas; é Acadêmica do Centro de Letras do Paraná, da Academia Brasileira de Letras e Artes Minimalistas, da Associação Brasileira de Poetas Spinaístas, e do Centro de Letras de Francisco Beltrão.