Uma das melhores séries do ano, “Mães da Máfia” mescla “Sopranos” e “The Crown”
A adaptação do livro The Good Mothers, do jornalista Alex Perry, rendeu uma das melhores séries do ano: Mães da Máfia, disponível no Star+ desde março. Trata-se de uma coprodução ítalo-britânica a cargo de Julian Jarrold, diretor de quatro episódios do seriado The Crown, e de Elisa Amoruso, que tem proximidade cultural com o tema.
Mães da Máfia explora à perfeição o estilo narrativo do melhor cinema de gângsteres. Encontramos na série muitos dos recursos usados por Coppola e Scorsese, e pela lendária Família Soprano. Mas se algo diferencia Mães da Máfia é que essa série não oferece, de forma alguma, o rosto adocicado da típica família mafiosa retratada nos filmes. Centrada no ambiente doméstico, a história segue os passos de três mulheres vinculadas com os principais chefões da ‘Ndrangheta, a máfia calabresa, que em meados da década retrasada encontram coragem para testemunhar contra as famílias da organização.
O excelente roteiro de Stephen Butchard e uma realização impecável conseguem levar o espectador a um estado de tensão contínuo, sem acentuar a ação, valendo-se apenas dos cenários claustrofóbicos das locações. A cantiga infantil que se escuta em cada episódio é uma boa síntese do argumento: “Meu cordeirinho, o que você fez quando foi parar na boca do lobo?”.
Fotografia, edição de som e o plano de imagens também se sobressaem: funcionam à serviço do relato sem um pingo de esteticismo – e, no entanto, são imponentes. O estilo lembra muito The Crown por seus abundantes planos aéreos e tons frios, tão característicos da série sobre a rainha Elizabeth II.
Quanto à interpretação, também merecem elogios as atrizes protagonistas, todas italianas, que conhecem as matizes do ambiente e dotam de realismo as personagens.