Juízes da internet
Lança-se uma bomba e lá estão eles, os juízes da internet, prontos para argumentar, defender, criticar e mostrar quem são os donos da razão. São muitos os que querem bater o martelo, mas poucos os que se importam com a ordem ou veredito.
Se há dois lados de uma história – não sabemos – o interessante para os juízes é comentar. Será que alguém comprovou os fatos? A melhor resposta seria – talvez -não é bom perder a esperança. Diante de tantos blá blá blás algo é certo: se dá ibope o importante é passar para frente a informação e deixá-la um pouco mais emocionante com a dose exata de achismo e ficção, ou seja, acender mais uns fósforos para o fogo aumentar a explosão.
Aquele telefone sem fio que já havia sido esquecido ganha vida, agora mais aprimorado, virtualmente. Diante de tantas discussões intermináveis, o ringue começa: os xingamentos surgem dominando o espaço, na sequência, a discórdia ganha força, logo, um nocauteia o outro com ameaças. Os ofendidos vaiam fervorosamente, exigem respeito, mas o respeito está tão escasso, hoje em dia, que ninguém quer dar de graça.
A rede social vira tribunal, e alguns sem entender o significado da balança, realizam o ofício da profissão – julgam e condenam, no entanto, sem ponderação.
Se Casimiro de Abreu ainda estivesse vivo, ele escreveria assim: oh! Que saudades que tenho das minhas vizinhas fofoqueiras que ficavam penduradas nas janelas espiando a vida alheia. Sim, meu caro amigo, hoje vemos que a maldade não está apenas na língua, há muito mais veneno no coração de quem quer tirar vantagem, se passam por santo expondo o outro ao ridículo, por fama, idolatria ou mero capricho social.
Não são poucas as vezes que um inocente é lançado na jaula dos leões da internet. O que mais me impressiona é a reação das pessoas que alimentam a informação, curtem e compartilham como um ato de glória. O que me faz lembrar do Cristo, no momento da crucificação. O povo escolheu libertar um ladrão e condenou aquele que lutou pela nossa salvação. Agora me questiono: será que quando apontamos o dedo não fazemos o mesmo?