O Gigante Gentil
Por Ubirajara de Freitas
Morreu muita gente boa nos últimos dias, Gal Costa, Rolando Boldrin, Dan McCafferty (vocal Nazareth), mas foi com a morte de Erasmo (81) que me fez sentir vergonha de não ter me aprofundado mais no seu legado. Agora com sua morte descubro pérolas nas suas 602 composições. Lamentável que isso aconteça somente agora! O motivo deste texto talvez seja me redimir, mas principalmente mostrar sua importância àqueles que, assim como eu, não deram tanta importância, nessa época de banalização da morte.
O apelido Tremendão faz jus à potência e ao volume, assim como amplificador da Gianini. Este ano Erasmo ganhou o Grammy Latino como melhor Álbum de Rock.
Sou mais Erasmo que Roberto, porque ser lobo mau é mais tesão que chapeuzinho, mesmo que morra um pouco antes! O importante é deixar a mensagem! Erasmo deixou inúmeras mensagens. Aproveitou a carona do iê-iê-iê traduzindo composições americanas, mas ao mesmo tempo chamou os Beatles pro braço em seu primeiro álbum (O Pescador_1965). Fez um dos primeiros grandes hits de valorização da mulher e ao mesmo tempo cantava sobre as desilusões do amor. Foi um romântico inveterado, mas cantou da amizade à tragédia, inclusive vale a pena lembrar o samba Cachaça Mecânica, um bom exemplo do lado B, pouco valorizado e uma bela sugestão de nome de banda. Aliás, a mídia de vez em quando lembrava de Erasmo quando interpretado por Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, J Quest…
Erasmo Esteves foi o doce bad boy, foi ícone do rock, hippie, pai de família, etc, e essas dicotomias é que o transformaram no Gigante Gentil!