POEMA
Diálogo imortal
Fala o berço altivo:
Sou vida e alegria,
Felicidade em tons pastéis.
Quem não se emociona
Vendo um anjinho dormir?
Anjinhos lembram o céu…
E tu, sepulcro imundo?
Guardas tudo que ninguém quer.
A morte vive aí contigo
Trouxe mais este indigente
Para cair nas tuas entranhas fedorentas.
Responde o sepulcro:
Enquanto falas alto,
Inflamas tuas paixões
Que farão os pequeninos
Serem um dia senhores
Do ódio e da guerra.
Aqui eu acolho toda a tua ira,
Recebo flores que perfumam.
Deixo livre os hospitais
E limpo a imundície das camas.
Se tudo isso não bastasse
Dou a este pobre poeta a imortalidade.
Cláudio Loes