Aletheia
Por que uma grande parcela de pessoas que votaram em Jair Bolsonaro já não o apoiam mais?
Em 2018, no auge da polarização política devido a eleição, recordo-me bem das promessas de campanha e do cenário à época. O então deputado federal de baixo clero, Jair Bolsonaro, propôs-se em ir contra o movimento usual da política. “Se só houver política com o toma lá, dá cá, tô fora”, disse, em entrevista na Rede Bandeirantes em 2017. Entretanto, passada a eleição e um primeiro ano de governo bom, mas polêmico, o atual presidente de fato soltou seus verdadeiros propósitos enquanto chefe máximo do Executivo e isso, leitor, fluiu como uma punhalada nas costas de grande parcela de pessoas que o elegeram.
Após demitir o ministro da saúde Henrique Mandetta, que ia de encontro com as medidas propostas pela OMS(Organização Mundial da Saúde) contra o Coronavírus, Bolsonaro mostrou-se indiferente aos problemas nos aspectos sociais que vigoram no Brasil.
Além disso, após forçar o ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública, pilar de seu governo,Sérgio Moro, a pedir demissão, devido uma suposta interferência política na Polícia Federal feita por Bolsonaro, o presidente mostrou-se um tanto descompromissado com o combate à corrupção. Afinal, subentende-se que Jair só faria isso para conseguir defesa contra as investigações de seus filhos.
Outrossim, ver o “exnovo”(se é que se pode chamar assim) ministro da saúde Nelson Teich pedir demissão,após um mês de serviço, fez o brasileiro que ainda estava em dúvida abrir os olhos. Troca-se de ministro como se troca de roupa no atual governo, o que evidentemente não é saudável tanto para a administração pública quanto para a população.
Convenhamos, Jair Bolsonaro surfou na onda do anti-petismo e só se elegeu porque se dispôs, ao menos brevemente no discurso, a ir contra a velha política. Todavia, hoje, mostra suas garras de farsante e péssimo administrador, efetuando o “toma lá da cá” que tanto “lutou” contra – isso pode ser visto, como por exemplo, na entrega do Banco do Nordeste para o Centrão, a fim de evitar complicações futuras, como um possível impeachment.
Isso levou o brasileiro sensato a não defender mais o presidente. Não necessitou de oposição para desmoralizar o governo. Bastou confiar demais em alguém que descumpriu suas promessas e abandonou suas convicções.
Por fim, um trecho de “Os Testamentos” de Margareth Atwood vem a calhar ao momento: “Totalitarismos podem desmoronar de dentro para fora, à medida que deixam de cumprir as promessas que os levaram ao poder; ou podem ser atacados de fora para dentro; ou ambas as coisas. Não há fórmulas infalíveis, já que muita pouca coisa na história é infalível”.
Qualquer semelhança com nossa realidade não é apenas coincidência.