“Muita gente arranjou doença para receber vacina”, diz secretária de Saúde de Curitiba ao defender novo critério

Fonte Gazeta do Povo

Durante participação na reunião da Frente Parlamentar do Coronavírus, da Assembleia Legislativa, a secretária municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, afirmou que a vacinação contra a Covid-19 do grupo das pessoas que têm alguma comorbidade atraiu “gente que não tem nada, mas arranjou uma doença”. A declaração foi feita enquanto ela fazia a defesa de uma mudança na ordem de aplicação, colocando a idade como critério. “O ideal é que continuássemos por idade, independente de comorbidades”, acrescentou Huçulak. O pedido para que haja tal alteração foi feito oficialmente pela prefeitura de Curitiba ao Ministério da Saúde na segunda-feira (10), mas ainda não há uma resposta.
Em Curitiba, o grupo das pessoas com comorbidades começou a se vacinar na semana passada. Mas, as pessoas estão sendo chamadas aos poucos, em função da escassez de doses. Nesta quarta-feira (12), é a vez das pessoas com 57 anos ou mais que têm comorbidade. Pessoas que têm pelo menos uma das 22 doenças da lista de comorbidades definida pelo Ministério da Saúde e que são acompanhadas pelas unidades públicas de saúde de Curitiba (SUS Curitibano) não precisam apresentar nenhum documento para comprovar a condição – elas são avisadas pelo aplicativo Saúde Já, da prefeitura, que são elegíveis para a vacina. Mas, o paciente da rede privada precisa apresentar uma declaração médica através do portal do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) para comprovar que possui alguma das 22 doenças.

De acordo com Márcia Huçulak, a procura pelo Portal do CRM-PR foi alta. “No primeiro dia que o CRM-PR colocou no ar o Portal para emissão das declarações médicas, foram 2.500 declarações de comorbidades. Muita gente que a gente conhece, e sabe que não tem absolutamente nada, arranjou uma doença para ser elegível [para receber a vacina]”, disse ela.
No plano municipal de vacinação, consta uma estimativa de cerca de 300 mil moradores de Curitiba com alguma comorbidade. É quase o mesmo quantitativo estimado de pessoas com mais de 60 anos de idade (313.576 idosos) que vivem na cidade.

A secretária também afirmou que o grupo que tem entre 50 e 59 anos é hoje o grupo com mais letalidade, em função do avanço da imunização entre os idosos. “O ideal é que continuássemos por idade, independente de comorbidades. E o ministro foi muito sensível à proposta. É um critério epidemiologicamente sustentável”, completou ela. “Eu e o prefeito Greca puxamos a bandeira. No sábado, conversamos com o ministro Marcelo Queiroga, com quem temos uma relação próxima, e a proposta que fizemos é que o Brasil adote a vacinação por idade, de 50 a 59 anos, que saíssemos desta confusão das comorbidades”, comentou ela, durante a reunião com os parlamentares, na manhã desta terça-feira (11).

À tarde, o próprio prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), também reforçou a ideia. “Queremos imunizar de maneira ampla, irrestrita e democrática para nos livrar da burocracia e ao mesmo tempo multiplicar a possibilidade da vacinação”