Rei do Vidro se reinventa e passa a coletar sucatas de ferro e alumínio
Agente ambiental é conhecido por coletar embalagens de vidro em Beltrão e região e dar a destinação correta a esses materiais.
Por Darce Almeida
Jornalista – DRT 9645/PR
Você já deve ter lido ou ouvido a expressão de que “o brasileiro é um povo para ser estudado”. Seja pelas proezas que realiza, como reaproveitar cinto de segurança para fechar o portão de casa ou pela capacidade de improvisar, usando plástico no lugar do vidro da janela do carro ou caminhão.
Elizandro de Liz, o Rei do Vidro, microempreendedor em Francisco Beltrão, Sudoeste do Paraná e amigo do meio ambiente, não se encaixa nesses perfis. Porém, sabe muito bem como reinventar o próprio negócio. E neste ano, ele encontrou mais uma forma de aumentar a renda familiar, isso porque a pandemia da Covid-19 trouxe junto a diminuição de garrafas descartadas devido à proibição de festas e eventos.
Foi então que, junto da esposa Franciele, Elizandro começou a coletar sucatas como latas de tintas vazias e ferros de construção. “Hoje, considero que eu, minha esposa e minha equipe somos uma solução ambiental para a sociedade. Começamos há cinco anos coletando vidros aqui em Beltrão com o intuito de dar a destinação a esses objetos de vidro que ficavam jogados pelas ruas e terrenos de casas e empresas”, analisa.
Carrinho de mão estragado, pregos, latinhas em geral (ferro e alumínio), são materiais que podem ser doados para o Rei do Vidro. “Porque pra nós agrega uma renda um pouco melhor para continuarmos com nossas contas em dia e pagando funcionários”, comenta Elizandro.
Preocupado com a dengue, Elizandro reforça: “nosso trabalho é também de prevenção, pois assim não ficam vasilhames espalhados por aí, a céu aberto, acumulando água e servindo de hospedeiro para o mosquito transmissor da doença”.
Materiais coletados
O Rei do Vidro não coleta lâmpadas em geral, além de objetos de porcelana como pratos, xícaras e copos e para-brisas de automóveis. Somente coleta embalagens como vidros de conserva, café e garrafas em geral (cerveja, garrafões, long necks). Após a coleta e carregamento, Elizandro transporta o material para empresas especializadas em reciclagem de vidro de Curitiba e Santa Catarina.
Reciclagem infinita
De acordo com a Abividro (Associação Brasileira das Indústrias de Vidro), vidros não se perdem no processo de reciclagem e são 100% reaproveitados, sem perder a qualidade. “Aquela garrafinha que pode estar te atrapalhando em casa, ela pode ser entregue para uma empresa de reciclagem, que dará a destinação correta. Daqui 50, 100 anos, seus netos, bisnetos, podem estar usando essas garrafas depois de todos esses anos. Se for parar para pensar, é algo muito interessante”, observa Elizandro.
Conforme a Abividro, a reciclagem desses materiais movimenta no Brasil aproximadamente R$ 120 milhões por ano. Lembrando que os “ingredientes” para produção do vidro são 70% de areia, 14% de sódio, 14% de cálcio e 2% de componentes químicos.
Tempo de decomposição de diferentes materiais
- Jornais: de 2 a 6 semanas;
- Embalagens de papel: de 3 a 6 meses;
- Fósforos e pontas de cigarros: 2 anos;
- Chiclete: 5 anos;
- Nylon: 30 anos;
- Tampas de garrafas: 150 anos;
- Latas de alumínio: de 200 a 500 anos;
- Isopor: 400 anos;
- Plásticos: 450 anos;
- Fralda descartável comum: 450 anos;
- Vidro: 1 milhão de anos.
O Rei do Vidro atende na Rua Venezuela, 80, Bairro Luther King. Informações whatsapp (46) 9 9104-0011.
Legenda: “Quem não puder levar na nossa empresa, nós coletamos após agendamento. Caso a pessoa trazer e não tiver ninguém em casa, pode deixar ao lado do portão”, avisa Elizandro.
Crédito foto: arquivo pessoal.