O Colecionador de Histórias
Narrando o jogo com a voz embargada
Narrando o jogo com a voz embargada
Por Ubirajara de Freitas
Gosto de ouvir as rádios, não por causa da programação musical, é claro, que está cada vez pior, mas a rádio, de certa forma, nos faz companhia. Tenho meus radialistas de preferência, como Alessandro Faccin, Gilson Rafael e Beto Garcia, não só porque eles têm uma programação e uma comunicação diferenciada, de bom gosto, mas principalmente porque valorizam os artistas locais!
Desde 2019, me chama atenção um novo comunicador, na região, Marcelo Marcos Kieling, 33, jornalista com mais de 15 anos de atuação e passagem em emissoras de rádio e TV do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Formado em Comunicação Social pela Universidade de Passo Fundo (UPF).
Segunda-feira, 30, ele me surpreendeu pelo seu profissionalismo. Ainda no início do clássico das penas, que acho que tem esse nome porque dá pena de nós torcedores, o narrador Marcelo Marcos ficou sabendo do falecimento do seu irmão. Não era irmão de sangue, mas sim, seu irmão por opção, o que o torna ainda mais especial, pois é o irmão que a gente acolhe como irmão. Mesmo assim, Marcelo continuou narrando o jogo com maestria, apesar de às vezes ficar com a voz embargada!
Cleiber Marques da Silva, também com 33 anos, era natural de Barracão e foi empresário em Florianópolis e estava internado há 20 dias, mas quando conseguiu ser internado foi direto para a UTI. “Evito de pegar o celular durante o jogo, mas no intervalo, quando precisei me comunicar com o estúdio, tinha um recado da esposa dele, que Cleiber tinha acabado de falecer. Foi um baque, e ainda está muito difícil. Naquele momento achei que não iria conseguir narrar o jogo até o final”!
Em fevereiro, Marcelo também ficou sabendo do falecimento de sua avó durante a apresentação do Jornal do Meio Dia. “As duas notícias de pessoas próximas, que mais mexeram comigo foram enquanto eu estava no ar”!
Ao perguntar se é a favor da paralisação dos campeonatos, Marcelo diz que não é a paralização que irá resolver e sim o comportamento das pessoas. “Acho que a discussão transcende ainda mais o ‘abre ou fecha’, é uma questão de comportamento. Pode fechar tudo, porém fora do campeonato, ou do comércio, ou das igrejas, as pessoas que não se preocupam com outros, ou não acreditam na pandemia vão se aglomerar e é aí que está a transmissão. Enquanto não perderem algué realmente importante as pessoas não vão se conscientizar. Meu irmão Cleiber não deixou apenas muitos amigos, ele deixou sua esposa e uma filhinha que acabou de completar um ano”!