Movimento católico conservador quer boicotar Campanha da Fraternidade 2021

Para críticos da campanha, igrejas estão deturpando valores cristãos. Grupos católicos fazem atos contra Campanha da Fraternidade nas redes sociais. São contra pautas consideradas progressistas.Tema do evento é “Fraternidade e Diálogo” e a campanha começa hoje, 4ª feira, 17.

Com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, a Campanha da Fraternindade Ecumênica 2021, realizada pela Confederação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), vem sofrendo ataques de católicos ultraconservadores. Os críticos acusam a campanha de deturpar os valores cristãos e defender pautas que eles chamam de marxistas.

O lema da campanha deste ano é “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, e, segundo o site da campanha, tem como objetivo geral promover uma reflexão e levar a comunidade a superar as polarizações e violências. A abordagem sobre questões de gênero foi um dos principais alvos de crítica.

O tema não agradou as alas mais conservadoras da Igreja Católica. Em vários vídeos publicados no Youtube, o presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, Frederico Abranches Viotti, condena a abordagem da CNBB que ele julga “pró-LGBT”. “Não apenas tem o intuito de quebrar a barreira em relação ao que a doutrina da igreja considera pecado, que é o homossexualismo [sic], mas muito pior (…), lança uma nova religião”, acusa.

Viotti gravou três vídeos nos quais aponta motivos para boicotar a campanha. Em um deles, na descrição, aponta que a ação “promove, uma vez mais, a subversão dos princípios e das instituições cristãs que fizeram grande nosso País”.

Outro questionamento apontado pelos críticos é sobre a redação do texto-base, que, para eles, falta com a menção a Nossa Senhora e outros elementos da fé católica.

Em uma nota publicada na última sexta-feira (12), A CNBB respondeu às críticas dizendo que, por ser uma campanha ecumênica, a redação do texto-base foi feita seguindo a estrutura de pensamento e trabalho do Conic, que é responsável pela elaboração e coordenação das campanhas ecumênicas. “Não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado apenas pela comissão da CNBB”, afirma a nota.

A publicação, assinada pelo arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira, ainda justifica a escolha do tema, considerado “urgência num tempo de polarizações e fanatismos”.

Arrecadação

Outro ponto criticado na campanha é a Coleta da Solidariedade. Os grupos contrários à ação sugerem aos fiéis que não ofertem doações no Domingo de Ramos, quando tradicionalmente as igrejas recolhem as ofertas, alegando que os recursos poderiam ser doados a instituições que atuam em causas desaprovadas pela doutrina católica.

Na justificativa, a CNBB assegurou que “os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica.”