Motoristas escolares há um ano parados no vermelho

Motoristas do transporte escolar particular relatam as dificuldades da sua categoria. Em 2020, puderam trabalhar em apenas 20 dias, e a perspectiva de retorno não é nada boa.

“Queremos trabalhar, mas não estamos conseguindo”, lamenta Antônio Soranso

Os motoristas particulares responsáveis por levarem boa parte dos alunos às escolas vivem uma dura realidade com a pandemia do Corona vírus. Tendo trabalhado apenas 20 dias no último ano, o valor recebido com a função não teria sido suficiente nem para a manutenção dos veículos. A perspectiva de retorno não é nada boa. “Queremos trabalhar, mas não estamos conseguindo”, lamenta Antônio Soranso. Segundo ele, há colegas que venderam seus veículos para tentar pagar as contas.

Os motoristas dizem que se sentiam importantes, mas com o cenário atual estão se sentindo desvalorizadas e tristes. “No início do ano, quando começam as aulas, a gente se sentia a pessoa mais importante do mundo. Quando a gente pega a criança e coloca no bebê conforto, leva para a escola e, muitas vezes, só traz de volta à noite é uma grande responsabilidade e formamos uma forte ligação com os pais. Hoje estamos esquecidos. Somos guerreiros que já não temos mais ar!”, desabafa.

Mesmo quando todos os níveis retornarem, as vans deverão operar com a capacidade reduzida para aumentar o distanciamento entre os alunos. A lotação deve ficar em 50% da capacidade total. “Queremos e precisamos fazer parte da condição de retorno das aulas, somos pouco ouvidos. Estamos dispostos e precisamos trabalhar”, resume o motorista Edemar Estrai de Santa Izabel d’Oeste, que já está no terceiro financiamento e precisa voltar a trabalhar.

Carlos Rautta diz que teme pela sua saúde, pois com os IPVAs e financiamentos atrasados dá até medo de perder seus bens e entrar numa depressão: “alguém deveria olhar com mais atenção para nossa categoria e quem sabe abrir linhas de crédito para facilitar o pagamento de nossas dívidas, pois não está fácil para quem vive exclusivamente do transporte escolar”. 

O motorista EliveltonAgazzi acha que existe má vontade por parte do poder público em retornar as aulas “Não recebemos nenhuma forma de auxílio, nem por parte do governo federal, estadual ou municipal. Gostaria de salientar que nossa classe foi totalmente esquecida e está passando por enormes dificuldades, pois fomos a primeira a paralisar e seremos a última a retornar”.

A categoria organiza uma manifestação para chamar a atenção da população.