Hipnólogo Guilherme Alves explica como o seu cérebro pode gerar orgasmos

Embora o sexo e o orgasmo sejam assuntos que, atualmente, são abordados de uma forma mais aberta do que antigamente, o assunto ainda é tabu para muitas pessoas. Algumas se isentam de falar do assunto por vergonha e outras preferem não falar por conta de péssimas experiências relacionadas ao ato sexual e de desempenhos não tão satisfatórios principalmente, levando em consideração que, no Brasil, praticamente 50% da população possui uma disfunção sexual. Mas você sabia que a sua mente tem o poder de gerar a sensação de um orgasmo e potencializar a sua vida entre quatro paredes?

Guilherme Alves é especialista no tratamento de disfunções sexuais e referência nacional no chamado “orgasmo hipnótico” que é a capacidade de fazer com que a mente reproduza a sensação de prazer mesmo sem estimulação física. “Não é mistério que o orgasmo, que o prazer é algo muito mais mental do que físico. Se uma pessoa estiver preocupada com questões externas, contas, filhos, problemas pessoais, ela dificilmente irá se concentrar no ato sexual a ponto de ter uma experiência satisfatória.” afirma.

De acordo com Guilherme, o psicológico possui influência para ambos os sexos e a idéia de que somente as mulheres tem este lado do prazer mais ligado ao emocional não passa de um mito. “O emocional está muito envolvido no resultado final tanto para o homem quanto para as mulheres. Por exemplo, em 99% dos casos de ejaculação precoce, o problema é fruto da ansiedade. O que faz o indivíduo ejacular é a produção de adrenalina, o hormônio do estresse, que começa no período de excitação e intensifica-se até o indivíduo chegar ao fim do ato sexual. Se, por algum acaso, ele estiver ansioso, por exemplo, por querer impressionar a parceira, o nível de adrenalina vai ser elevado desde o início e ele ejaculará mais rápido”.

Os estudos sobre a geração de prazer sem estimulo físico ou penetração não são recentes. Nos anos 80, uma sexóloga americana chamada Barbara Carrellas fez muito sucesso ao ensinar workshops sobre “o sexo sagrado” nos quais ela mostrava técnicas de orgasmo por respiração e imaginação. A técnica foi aprendida e aprimorada por ela durante o “boom” da AIDS nos Estados Unidos, década de 80, na qual quase 2 milhões de pessoas foram infectadas, e ela acreditava que oferecer opção de um sexo mais seguro, sem contato sexual seria uma alternativa que poderia ser adotada a longo prazo pela população bem como para também para incluir sexualmente pessoas que se sentiam excluídas do mundo da sexualidade como transexuais e transgêneros.

Essa técnicas, advindas do tantra, receberam uma popularização maior com o trabalho da Barbara e o orgasmo sendo gerado psicologicamente foi ganhando cada vez mais espaço em estudos científicos. Em 2016, um estudo foi publicado na revista Socioafective Neuroscience and Psychology, na qual a neurocientista cognitiva e terapeuta sexual americana, Nan Wise, e sua equipe descobriram que simplesmente pensar em estimulação genital ilumina várias áreas do cérebro envolvidas com o orgasmo.

O especialista Guilherme Alves realizou pesquisa similar na qual, em conjunto com o médico especialista em neurometria Victor Furbino, analisaram a atividade cerebral de cérebros passando por um orgasmo gerado por estimulação clitoriana e compararam com o mesmo passando pela sensação do orgasmo hipnótico. “Assim como na pesquisa da Nan Wise, podemos ver que, além de identificar toda extensa atividade cerebral durante o ato, podemos comprovar que imaginar a estimulação que uma pessoa teria normalmente com um vibrador ou um parceiro gera extensa ativação cerebral no córtex sensitivo genital, no córtex somatossensorial secundário, no hipocampo, na amígdala, na ínsula, no núcleo acumbente e no córtex pré-frontal medial” explica Guilherme.

Recapitulando, a nossa mente pode gerar orgasmos, pode gerar prazer e o cérebro é fundamental para todo o processo de orgasmo. Desta maneira, técnicas como a hipnose, que atuam a nível subconsciente, conseguindo inserir sugestões e alterar hábitos podem ser grandes aliadas na cama ou em um um momento íntimo.