ALETHEIA
Winston Churchill: uma vida –Comentário sobre o conservadorismo
Fala-se tanto em conservadorismo nos últimos tempos que quase o assunto se tornou um clichê. Percebo que, além de uma filosofia complexa, que originou-se desde o filósofo David Hume(1711-1776) e teve como seu grande expoente Edmund Burke(1729-1797), o conservadorismo é uma filosofia atacada. Seus ataques provém principalmente daqueles que não estudaram a fundo sua matriz ideológica, sejam pseudoconservadores ou progressistas incultos. A coluna da semana discute brevemente sobre isso.
Para se denominar conservador, não basta ater-se ao clichês “pró-vida, pró-armas, pró-família”. Deve-se estudar as origens dessa filosofia e também seus idealizadores.
Conservador é aquele que busca as mudanças necessárias para a sociedade, as quais o tempo exige, mas mantem seus alicerces e fundamentos morais. Um conservador sabe da necessidade de mudar, pois o tempo exige mudança. Isso pode resumir, mesmo que muito brevemente, a ideia do conservadorismo.
Li nesse ano pandêmico o primeiro livro biográfico de um dos grandes nomes da história do conservadorismo, Winston Churchill (1874-1965). Nessa obra, pude perceber toda a genialidade e grandeza da figura política de Churchill, ao qual também me ajudou a compreender como é ser um conservador de verdade. E pasme, um conservador raiz é totalmente diferente dos pseudoconservadores que comumente achamos hoje em dia.
Pra começar, Churchill nunca escondeu a necessidade de zelar pela dignidade dos mais pobres. Ele defendeu a ideia de que a base de uma sociedade é constituída da classe trabalhadora. Respeitá-la é zelar pelo bom andamento do tecido social. Além disso, ele nunca escondeu seu desejo por um livre comércio – tanto que no início de sua carreira política, Churchill teve desentendimentos com o Partido Conservador inglês acerca do protecionismo alfandegário da Inglaterra, resultando posteriormente à sua saída desse partido para adentrar ao Partido Liberal.
Além de um grande expoente na luta contra o autoritarismo, seja o de esquerda com a figura do bolchevismo, seja o de direita com a figura do nazi-fascismo, Churchill demonstrou-se sempre um cavalheiro, um gentleman, como se diz em inglês.
Um conservador, diga-se, é alguém culto, que preza pelo conhecimento e pelo respeito, sabendo compreender a importância das bases de uma sociedade bem como as mudanças pontuais que o tempo exige.
E foi lendo a biografia desse grande homem que pude estabelecer um parâmetro para avaliar quem são os pseudoconservadores que temos hoje. Olavo de Carvalho, que de longe não aparenta ser um gentleman e que várias vezes flertou com o autoritarismo, para mim, não passa de um reacionário. Seus seguidores, estão ainda mais longe de serem chamados de conservadores. Distorceram a matriz filosófica do conservadorismo e formaram uma pseudofilosofia de ódio.
Para sugestão de leitura, deixo esse incrível livro “Winston Churchill – Uma Vida”, de Martin Gilbert. Vale a pena o esforço em lê-lo. Ao menos, a detecção de “conservadores” charlatões fica mais evidente após compreender essa obra.