TÃO SOMENTE

TÃO SOMENTE
(Cleusa Piovesan)

A dor física é infinitamente
Mais suportável
Que a dor de existir
Tão somente
Porque esta vem carregada de angústias
De não aceitação
De alienação
Da dor de saber-se impotente
Tão somente

Para uma cefaleia
Um dente que dói
Uma torção muscular
A medicação tem efeito imediato
Mas o latejar da cabeça
De quem sofre as dores do mundo
É, tão somente, incurável
Doença crônica
Permeada de ideologias
E de historicidade
Entremeio a fatos e verdades
De mãos amarradas
Tão somente
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Cleusa Piovesan – Doutoranda em Letras, Mestra em Letras, com graduação em Letras – Português/Inglês e em Pedagogia; organizadora de dois livros com alunos, e 12 obras de autoria própria; tem participação em mais de 50 antologias e coletâneas; é Acadêmica do Centro de Letras do Paraná, da Academia Brasileira de Letras e Artes Minimalistas, da Associação Brasileira de Poetas Spinaístas, e do Centro de Letras de Francisco Beltrão.