SANGRIA

SANGRIA
(Alva Rubra)

É fora do sério…
Como um pouco de dor física,
Pode aliviar a dor emocional.
Tantas vezes sangrei por dentro,
E por fora tive de parecer normal…
Mas quando estive a ponto de me afogar,
Bastou um pouco de sangue tirar…
Quem diria!
Que tudo que precisava,
Era deixar fluir…
De um corte quase tão profundo,
Quanto o meu sentir.
Mas não tão fundo,
A ponto de me fazer partir…
Não.
Não estou pronta para dizer adeus.
Você ainda dói em meu peito.
Ainda vive aqui dentro!
E por alguma razão,
Meu coração se recusa a deixa-lo ir…
Esperança, talvez?
Não sei… o motivo ainda não está claro para mim.
A dor faz lembrar que estou viva,
E se vivo, tenho a possibilidade de vê-lo mais uma vez…
De um dia, unir novamente meus lábios nos seus,
E fazer com que isso deixe de ser um fim,
Para podermos voltar ao começo
Antes de tudo acabar assim!
Volto o olhar para o chão do banheiro.
Está tão vermelho,
Quanto meu rosto quando ardo em desejo.
Sim, consigo senti-lo em meu corpo…
Só dá você na minha cabeça!
Seu sorriso tomou conta do meu pensamento,
Sua risada ecoa junto à música,
E minhas lágrimas uniram-se às águas do chuveiro.
Nem acredito no que acabei de fazer…
Nos joguei à morte,
Para tentar sobreviver.
Apostei tudo o que me sobrou na sorte,
Será que a vida conseguirá me surpreender?
Só esperando, é que dará para saber…
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Alva Rubra nasceu em 1997 em Francisco Beltrão (PR), onde reside atualmente. Integrante do Centro de Letras de Francisco Beltrão, além de poeta, é escritora, desenhista, editora de fotos e fotógrafa amadora. Possui três obras literárias no prelo. Participou da coletânea “Pratas da Casa”, 2023. Tem publicações surrealistas, psicodélicas e tantos outros estilos artísticos, em sua página do Instagram @expressyourselfart400, onde busca incentivar a não temer expressar e expor seu verdadeiro eu.