Paraná conhece experiência do Nebraska para desburocratizar acesso à irrigação no campo
O Nebraska, nos EUA, é referência mundial em irrigação de grandes lavouras. Em especial pelo sistema pivô central, em que a água é espergida por meio de uma torre de estrutura suspensa que gira em torno da lavoura, cujo raio pode alcançar mais de 1 km.
A viagem da comitiva paranaense ao estado americano do Nebraska, na região central dos Estados Unidos, é o pontapé para o Paraná buscar a longo prazo o status de maior área de agricultura irrigada do Brasil. Esse é o plano do governador Carlos Massa Ratinho Junior, que lidera a missão paranaense à cidade de Omaha com objetivo de trazer a experiência do Nebraska, referência mundial em irrigação.
Nesta terça-feira (20), Ratinho Junior e o grupo paranaense foram recebidos pelo governador do Nebraska, Jim Pllen. A agenda do dia também teve uma visita ao Departamento de Desenvolvimento Econômico do estado americano para saber como o sistema de irrigação colaborou não só para a produtividade no campo, mas também para o próprio desenvolvimento do Nebraska.
“Estamos tendo esse contato com todo ecossistema da irrigação do Nebraska para iniciar um grande projeto para transformar o Paraná na maior área de irrigação do Brasil nos próximos anos”, destacou o governador. “Nosso estado é o maior produtor de alimentos do Brasil e como temos essa vocação forte, similar ao Nebraska, a ideia é conhecer também a parte técnica do governo, especialmente licenças, outorgas de água e tecnologia de irrigação”.
O Nebraska é referência mundial em irrigação de grandes lavouras. Em especial pelo sistema pivô central, em que a água é espergida por meio de uma torre de estrutura suspensa que gira em torno da lavoura, cujo raio pode alcançar mais de 1 km. Com o domínio da tecnologia desde a década de 1950, o Nebraska conseguiu contornar os constantes problemas de estiagem que atrapalhavam a produção agrícola.
“Tínhamos muitos problemas com a seca. Temos 23 distritos com diferentes áreas, tipos de água e de solo, o que tornava a gestão um desafio. Mas nos últimos 60 anos estamos irrigando o solo de maneira sustentável e produtiva, melhorando a tecnologia para usar cada vez menos água na lavoura”, enfatizou Jim Pllen, na apresentação à comitiva paranaense nesta terça-feira. “Acreditamos muito na questão da educação e da tecnologia para melhorar o uso da água, fazer cada vez mais com menos”, afirmou o governador americano.
LICENÇAS E OUTORGAS – Além da tecnologia em si, cujos sistemas de irrigação foram apresentados segunda-feira (19) pela multinacional Lindsay, a missão paranaense também busca na experiência do Nebraska maneiras de desburocratizar o acesso à irrigação. Esse processo já foi iniciado com programas como o Descomplica Rural e financiamentos concedidos com juro subsidiado no Banco do Agricultor.
O governador Ratinho Junior afirmou que, assim como foi feito no estado americano, a meta é criar políticas públicas que facilitem o acesso dos produtores rurais à irrigação. Para isso, a comitiva vem estudando durante a missão desde a agilidade na emissão de licenças e outorgas da água no Nebraska, até a ampliação de financiamento para que mais agricultores instalem sistemas de irrigação.
“Na reunião com o governador do Nebraska tivemos uma noção de como o poder público pode colaborar nesse gerenciamento da água e de que maneira são emitidas as licenças e outorgas, tudo de maneira supersimples, sem nenhum tipo de burocracia”, disse o governador.
Durante a missão ao Nebraska, o governador do Paraná também disse que o Estado planeja ampliar os financiamentos para irrigação, em especial pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Todo esse planejamento, avalia ele, vai não só aumentar a produtividade no campo, com uso racional da água, como também vai prevenir prejuízos de possíveis períodos de seca.
“Em cinco anos, tivemos três estiagens que trouxeram bilhões de reais de prejuízo ao Paraná e outras regiões do Brasil. Por isso a importância da irrigação: quando a área é irrigada você tem garantia de que essa produção vai acontecer”, explicou o governador.