Precisamos enxergar além das sombras
Você já teve medo de barata, aranha, abelha? Medo da escuridão, chuva, trovão? Conhece alguém que tem medo de andar de elevador, de altura ou assombração? Você já foi desafiado a falar em público e expor suas ideias? Quem nunca teve medo de ficar doente ou de ir ao médico tomar injeção? Há quem tem medo do chefe, medo da sogra e medo de sentir o medo em qualquer situação. Diante de tantas perguntas, uma resposta é certa: eu, você e nós sentimos medo.
Ele surge em todas as formas e aparece nos momentos mais inusitados, seja na infância, na vida adulta ou na velhice temos medo, medinho, medão. Às vezes ele é passageiro, noutras, ele paralisa. Torna-se tão grande que faz até a pessoa mais corajosa se sentir pequena.
O medo nem sempre é assustador, ele também nos protege. Quando crianças, nos ensinaram que não deveríamos mexer com fogo, que a cobra que sobe no pé do limão é peçonhenta, que a selva tem bichos lindos, mesmo assim, não podemos entrar na jaula do leão.
Percebemos que o medo é útil para evitarmos muitos perigos fatais. A medida que ele se intensifica, as reações físicas e emocionais alteram. Por isso, é importante ficar atento ao quanto ele está interferindo e quais as consequências dessa emoção.
O medo passa a ser um problema quando ele começa a roubar os seus sonhos e impedindo de desfrutar experiências novas. Ele deixa de ser saudável quando se torna uma barreira que limita o processo de evolução.
Quem leu O mito da caverna de Platão lembra que metaforicamente havia um grupo de pessoas que viviam acorrentados numa grande caverna. Numa fogueira atrás da rocha, outros indivíduos projetavam a sombra de objetos na parede, onde os prisioneiros ficavam observando e julgando serem aquelas imagens a própria realidade.
Todos estavam acostumados a viver daquele jeito, no entanto, uma das pessoas presas consegue se libertar das correntes e sai para o mundo exterior. A princípio, fica assustado, mas com o tempo, ele descobre inúmeras novidades. Assim, tomado por compaixão, decide voltar para a caverna e compartilhar com os outros prisioneiros todas as informações sobre o mundo exterior. Porém, não acreditaram naquilo que o ex-prisioneiro contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas ideias atraíssem outras pessoas, os prisioneiros mataram o fugitivo.
Esse é o grande desafio do medo, enfrentar o mundo lá fora, lutar contra os monstros da mente, sair da caverna é abandonar a zona de conforto. Pensar em falhar ou fracassar com uma mudança é apavorante, mas os erros são parte da experiência, precisamos deles para encontrarmos o caminho certo. Já pensou se Tomás Edison tivesse desistido na primeira tentativa de criar a lâmpada, talvez o mundo ainda permanecesse na escuridão.
É preciso confrontar as emoções, ver além das sombras, ter fé e acreditar na luz que ilumina o dia, na sua luz interior e na luz divina. Ter consciência que muitas vezes criamos ilusões sobre a realidade, por isso o autoconhecimento é fundamental para quebrar as correntes que aprisionam. Não devemos ter vergonha das emoções, e muito menos, ficar constrangido por buscar ajuda. Precisamos descobrir novas estratégias para vencer as limitações, analisar a melhor forma de agir, ver os desafios não apenas como algo negativo, e sim, como uma oportunidade de mudança e superação.