POEMA
Reflexão da própria morte
Na vida de todos fui a seguidora mais fiel,
Atenta a cada gole, curva, ou chuva forte.
Jamais pensei um instante sequer em mim,
Naquilo que poderia ter sido e não fui.
Passei de cidade em cidade muito discreta.
Jamais bati os pés para não assustar ninguém.
Fui fantasma peregrina nas noites frias,
dando alento a quem procurasse meu consolo.
Precisei abraçar crentes e nem tão crentes,
Dizer que era o prêmio da vida que ninguém quer,
E que eu não saberia dizer o que viria depois.
Sobram cada vez mais lembranças felizes,
As últimas angústias daqueles desventurados
Que partiram apagando as velas da tristeza.
Cláudio Loes