CRÔNICAS

Você já reclamou hoje?

Ah se o universo desse ouvido a tudo que o povo fala, certamente estaria surtado ou tomando Rivotril.No mundo, onde as espécies desenvolveram habilidades para sobreviver, alguns habitantes tornaram-se especialistas na arte de reclamar. Chamo este fato de arte, pois a arte não é sinônimo de beleza, de alguma forma, ela sempre se relacionou com o feio, por isso,certas atitudes, também devem ser apreciadas para podermos enxergar as mais variadas formas de uma mesma realidade.

Independente do momento, os descontentes sempre estão em guerra com o tempo, com espaço e com a vida. Se faz sol, reclamam porque está quente demais, se faz frio reclamam porque os dedos estão congelados. Se chove, reclamam porque se molharam. Não me refiro apenas a situações climáticas, a necessidade de mal dizer sobre algo é tão grande que eles acordam reclamando porque dormiram demais ou por dormirem pouco. Geralmente, eles reclamam daquilo que têm e daquilo que não têm,e independente do que fizer/ter/receber nunca será o suficiente.

Desculpem-me os diplomatas dessas áreas, mas se tem algo insuportável é conviver com os eternos insatisfeitos. Eles se alimentam de queixas, colecionam dores, guardam na memória situações que já fazem parte do passado,geralmente,carregam um vazio no peito que nunca é preenchido, são apegados a dor, no entanto, eles não se consideram pessoas negativas porque tiveram que enfrentar mais problemas e infortúnios do que a maioria. Em vez disso, eles se percebem sempre no lado perdedor das coisas, portanto, eles veem a vida numa profunda escuridão.

Aí surge a pergunta: O que as pessoas ganham reclamando? É simples, nada. O que elas atraem são mais situação negativas e pessoas desagradáveis, que juntas, podem competir pelo troféu de quem tem a vida mais difícil, quem possui as maiores dificuldades e os piores desafios. Reclamões só ficam contentes quando encontram pessoas com histórias mais infelizes que as suas,assim, podem construir juntos os muros das lamentações.

O mundo não é triste nem alegre, mas a qualquer hora do dia ou da noite, você encontrará indomáveis razões para viver e sentir-se bem com o que/quem você tem ao seu lado. Por isso, ao invés de reclamar (clamar duas vezes), agradeça. Cada vez que nasce um novo dia, você tem a oportunidade de fazer diferente e ser a diferença. Aprenda a olhar para o dia e ver a luz.

Quando você estiver insatisfeito com a vida, se faça a seguinte pergunta: O que posso fazer para mudar essa situação? Não espere que os outros construam uma nova realidade, as mudanças devem começar por você. Não adianta ter raiva da existência, pois só você pode conduzir a vida e a maneira como digere as suas emoções.

Joceane Priamo

Joceane Priamo nasceu em Francisco Beltrão-PR, em 23 de maio de 1988. É formada em Letras Português e Literatura pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) e Pedagogia pela Faculdade Campos Elíseos (FCE), pós-graduada em Docência no Ensino Superior, Antropologia, Educação Especial e Intelectual. Em março de 2021, lançou seu primeiro livro, Francisco Beltrão entre Versos e Sonhos. Participa da coordenação da Via Poesis e como membro do Centro de Letras de Francisco Beltrão, é professora, escritora, poetisa e cronista.