POEMA
Sem piscar
À espera de um sinal claro
Ele ficou em silêncio
Calado feito basalto
Enquanto ela voava mais perto
O zunido aumentou
Era preciso calma
Quase sem respirar
Deslizou para o rio caudaloso
Os pés sentiram o frio
O corpo queria mergulhar
Tirar todo aquele peso
Sentir o frescor de um banho
Vieram muitas outras
Preferiu ficar como estátua
Com os pés fincados no lodo
Ficou até sem piscar
Elas voltaram para a colmeia
E ele imaginou como sair
Sem ter como encontrar nada
Deitou-se sobre uma ramagem
Com a chegada do véu da noite
O sol foi para sua solidão
Ele acabou derrotado pelo sono
Sonhou estar na sua cama
Cláudio Loes