CRÔNICAS
As filas de espera
As filas estão sempre no plural e geram inúmeros aborrecimentos, seja nas recepções dos hospitais, nos guichês dos aeroportos, nas salas dos correios, nos caixas dos bancos, lojas, supermercados ou em quaisquer outros locais com grandes movimentações de pessoas.
Dizem que quem espera sempre alcança, mas a espera cansa. Cruzam-se os braços, as pernas ficam inquietas, até aqueles que estão sentados fazem questão de balançá-las para mostrar o estresse. Olhares direcionados para os relógios, para os celulares e para todos os cartazes à volta.
Geralmente, vemos uma criança que chora cansada de estar no colo. Uma mãe aflita pelas horas que tem que aguardar. Um homem reclamando do descaso do atendimento. Um jovem escutando música com os fones no ouvido para passar o tempo. Um idoso que troca de lugar várias vezes, uma mulher que lê as revistas para se distrair.
Cada cliente usa uma maneira para suportar a fila de espera. Se o local é mais sofisticado, pode ter ar-condicionado, poltronas e a disponibilidade de uma máquina de café expresso, caso contrário, apenas panfletos de empresas num espaço tumultuado.
Nesses lugares, sempre chega alguém que tenta puxar assunto, saber da sua história, com os ouvidos atentos no que você tem a dizer e com os olhos fixos no painel da senha. Pessoas desconhecidas, alinhadas umas atrás das outras, treinadas a manter a ordem, não estão ali porque querem, elas precisam desses serviços por necessidades ou para honrarem seus compromissos.
Na vida somos obrigados a esperar. Tem um tempo certo para nascer, andar, crescer, se desenvolver, e morrer. Enquanto vivemos, vamos aguardando a nossa vez, não sabemos quem está à nossa frente, mas mesmo que surjam momentos inesperados, escolhemos as nossas prioridades e o que deixamos para trás.