ALETHEIA

O Imbecil Coletivo de 2021

O imbecil coletivo é, nas palavras de Olavo de Carvalho, “uma coletividade de pessoas de inteligência normal ou mesmo superior que se reúnem movidas pelo desejo comum de imbecilizar-se umas às outras”. A citação é direta do livro dele, O Imbecil Coletivo (1996).

O guru do governo até acertou quanto ao fato da denúncia sobre a hegemonia da esquerda intelectual no debate público. Mas, cuspiu em tudo o que defendeu quando passou a ficar popular no público bolsonarista.

Olavo é o articulador “intelectual” do governo. Dele é que vieram todas as teorias conspiratórias que os bolsonaristas fanáticos professam. Isso inclui desde a terra plana, como também o negacionismo do covid-19. Negacionismo responsável pela realidade atual.

Veja bem, vários nomes da “direita-conservadora-patriótica” se aliaram cegamente ao governo e às diretrizes imorais de Olavo. Rodrigo Constantino, Caio Copolla e companhia, hoje, figuram como marionetes que só servem para passar pano sobre os erros do clã Bolsonaro.

Todavia, deve ser explícito que eles não são conservadores. O conservadorismo prega o ceticismo político. Isso significa, em miúdos, estar firme à princípios, e não à políticos – até porque o homem pode errar a qualquer momento e perder sua credibilidade.

O que fazem esses “passa-panistas” do governo é uma mescla de reacionarismo com conspiracionismo – e uma pitada de propina, óbvio. Até porque, se pegarmos o histórico de cada um desses “intelectuais”, veremos que antes da eleição de Bolsonaro, o discurso era diferente. O poder, ao visto, “revolucionou” o pensamento dos pseudoconservadores. É o ditado: quando se dá mel à uma criança pela primeira vez, ela come até se lambuzar.

Fica nítido, contudo, que toda essa tropa se tornou o que Olavo denunciou: imbecis coletivos – incluindo o autor do termo. Todos imbecilizam-se uns aos outros, passando por cima dos erros de um genocida, tudo em busca de concretizar seu projeto de poder. E é claro que os efeitos disso são uma economia devastada e mais de 450 mil mortes pela covid-19. Se isso é possível, é porque Bolsonaro não comprou vacina. Se ele não comprou, é porque uma casta pseudointelectual o sustentou até agora.

Matheus Augusto

Matheus Augusto da Cruz, acadêmico de medicina da Unidep, dono das páginas Aletheia, no Facebook e @apriorialetheia, no Instagram