Mulheres na linha de frente

Cinco mulheres e profissionais de diferentes áreas da saúde contam como é fazer parte da luta contra o Covid.

Mayélli Carolina

Quando esteve à frente da Secretaria Municipal de Saúde, Cíntia Ramos presenciou a pandemia da H1N1, epidemia da dengue e hoje, diretora geral do Hospital Regional do Sudoeste, encara o Covid-19. “Estou na saúde pública há 27 anos. Superei obstáculos iniciais, conquistei meu espaço e o respeito dos colegas. Mesmo assim, os desafios são constantes. Temos uma preocupação com abastecimento eficaz na unidade hospitalar, bem como agilidade com abertura de novos leitos, contratação de profissionais capacitados. A procura por leitos, principalmente na UTI, é grande. Hoje nós temos 29 exclusivos para pacientes graves e moderados, sendo 20 na UTI adulto geral e 09 na enfermaria retaguarda adulto. Existe a possibilidade de expansão já para essa semana”, explica a diretora.

Para a técnica de limpeza hospitalar, Ilce Andreis Leite, o Covid está além da rotina profissional, já que membros da família contraíram o vírus. Mesmo assim, ela não parou de trabalhar, de realizar os cuidados necessários para que pacientes e familiares mantenham-se seguros. “Máscara, álcool em gel, higienização das mãos, roupas de trabalho para lavar assim que chego em casa, banho; essa é minha rotina de cuidados. Apesar disso, meu irmão está no oxigênio devido a doença. Na minha opinião, a vacina deveria ser disponibilizada para a população em massa. Quem necessita trabalhar precisa estar protegido”, resume Ilce.

Para quem pensa que a doença acomete apenas idosos ou pessoas em grupos de risco, a médica intervencionista do SAMU mostra que essa afirmação não é válida. Julissa Marcante conta que a incidência entre jovens com 25 a 45 anos aumentou. “Faço parte do suporte de transporte hospital a hospital, mas algumas vezes buscamos pacientes em casa e levamos para a UPA. Nesses casos, realizamos a desinfecção das ambulâncias, que leva cerca de 40 minutos. Na sexta a noite aconteceu um fato complicado. Busquei um paciente em Dionísio Cerqueira que traria para o Hospital Regional, mas ele acabou falecendo no caminho. A cada dia, a situação parece complicar ainda mais. Talvez pelo vírus mutante e outras variantes da doença. Pra se ter uma ideia, o número de infectados triplicou. No início era comum os pacientes apresentarem sintomas graves logo na primeira semana. Hoje, isso acontece após dez dias de doença, ou seja, fase em que já deveriam estar curados”, descreve.

Para a enfermeira, professora e mestre em biociências Edimara Solange Cândido, o que ela vivia profissionalmente até março de 2020 era o “paraíso”. Segundo ela, não há como descrever o seu trabalho após essa data. “Quando chego para trabalhar, já não sei como meu dia vai terminar. No início da ala Covid, quando minha chefe realizou o convite para que eu permanecesse no setor, eu não dormia no mesmo quarto que meu companheiro. Esperava ele sair de casa. Então eu entrava e ia direto para o banho, sendo que já havia tomado um no hospital. Não visitava minha mãe e parei com minhas aulas de dança que tanto amava. Vale ressaltar que o hospital fornece vestimentas e calçados adequados para a situação. Usamos touca, luvas, máscara N95, avental de mangas longas e tecido especial, face shield ao invés do óculos. E eu sou totalmente favorável as vacinas. Elas protegem sim! São eficazes sim! Como pesquisadora clínica, sei que os cientistas que as desenvolveram estudaram e sofreram muito para esse momento: o início da esperança”, afirma Edimara.

Esses pequenos resumos são apenas alguns exemplos de grandes histórias de grandes mulheres que representam, não apenas para homenageá-las neste Dia Internacionalda Mulher, mas todos os outros dias, pois elas representam a luta incansável e a esperança por dias melhores!