ALETHEIA

Lannister, a moral de um líder e a compra parlamentar

R$504 milhões de reais foram liberados pelo Presidente em emendas parlamentares. Ou melhor, em compra de votos.

“Quando se entra na guerra dos tronos, ganha-se ou morre. Não há meio-termo”. Essa frase, da personagem Rainha Cersei, foi proferida a um personagem antes dele ser sentenciado a morte. Essa fala traduz em muito que, quando se briga por liderança, valores morais são postos de lado; o que vale é a conquista do poder.

Quando Bolsonaro estava em plena campanha de eleição, em meados de 2018, lembro-me como era comum ver a sua fala de que, caso eleito, não faria acordos com corruptos. O “toma lá, dá cá”, popularmente conhecido, estaria longe do governo bolsonarista. Ao menos, no discurso, era pra ser assim.

Entretanto, com quase três anos de governo vemos como a sede de poder cegou o atual presidente, que, na noite de segunda (01), teve seu esquema exposto pela mídia: R$504 milhões de reais liberados em emendas parlamentares antes da eleição do presidente da câmara, segundo o jornal Estadão. É inacreditável como esse homem asqueroso que ocupa a presidência da república cospe na cara do brasileiro. Ele nitidamente ri do povo enquanto corrompe a todos na política.

A questão que fica é: não havia outro meio de fazer política sem deixar a moral de lado? Todos devem passar pela corrupção para exercerem seus poderes políticos? E principalmente, a honra em se dizer honesto – e fazer por merecer, obviamente – deixa de ser importante quando se é presidente de uma nação?

Veja bem, é claro que são reflexões difíceis de se digerir. Inimagináveis de se pensar. Mas é necessário que se exija resposta diante dessas perguntas. Ainda muitos apoiam o presidente, cegamente. Esses devem ser instruídos a verem a realidade. Afinal, o fanatismo político, nesses tempos de pandemia, custa vidas.

Se bem que, ultimamente, vidas não importam muito ao clã Bolsonaro. Eles são semelhante aos Lannister da obra de George Martin: defendem a todos de seu sangue, sejam bons ou ruins; lutam para conseguir o poder que desejam, nem que, se necessário, sacrifique-se o próprio povo para isso. E claro, acumularam riquezas que ninguém sabe de onde. E ainda se pagam de mocinhos.

Matheus Augusto

Matheus Augusto da Cruz, acadêmico de medicina da Unidep, dono das páginas Aletheia, no Facebook e @apriorialetheia, no Instagram