ALETHEIA
Desorganização: a face da Esquerda Brasileira
Como o resultado das urnas demonstra fragilidade da ala progressista no país.
Particularmente, considero o bolsonarismo desorganizado, mas, após ver o resultado final das eleições de 2020, pude perceber que a esquerda consegue superar os ideólogos adversários.
O saldo deste ano foi surpreendente, ao mesmo tempo que previsível: nenhum petista assumiu a prefeitura das capitais nacionais. Surpreendente porque é a primeira vez que isso acontece em 30 anos. Previsível porque ninguém atura mais essa classe atrasada.
Sim, eles são atrasados – e não digo isso por não compactuar com ideias de esquerda. Muito pelo contrário, em vários posicionamentos me considero progressista – afinal, não há problema nenhum em oscilar entre a direita e a esquerda no espectro político. Eles são atrasados porque pararam no tempo da luta de classes, no jogo do rico contra pobre, do branco contra negro. E isso ficou chato; o brasileiro médio ficou saturado do mesmo discurso.
Obviamente, a esquerda sabe desse atraso e busca com isso meios de renovação. O problema é que os nomes da “nova esquerda brasileira”, por assim dizer, são prematuros demais para bancar qualquer relevância política. Guilherme Boulos e Manuela D’Ávila são os exemplos das promessas em que os partidos progressistas tendem a apostar suas fichas. De modo inacreditável, eles conseguiram alcançar o segundo turno de suas capitais, mas não tiveram força suficiente para as governarem.
Com isso, fica a reflexão: enquanto a esquerda não se organizar, não haverá oposição forte o suficiente para tirar a ala bolsonarista do governo. É claro que se trata de um ledo engano acreditar que só porque o PT não assumiu nenhuma capital significa que não há nenhum representante de esquerda nas principais cidades do país. Mas diga-se de passagem, já é uma grande vitória do movimento de direita.