ALETHEIA

Primavera Conservadora em declínio

Com o resultado da eleição americana e a crescente dos partidos de esquerda nas eleições municipais, o bolsonarismo pode ser severamente enfraquecido.

Estamos em um ano atípico, sem dúvidas. Pandemia, Fake News, anti-vacina e pra fechar com chave de ódio, as eleições. Não me recordo de ano tão movimentado politicamente desde 2018, com as eleições que elegeram Bolsonaro para presidente. Por isso, dedico essa coluna para uma breve análise do que há de vir, para além das eleições municipais que tivemos esse ano.

Primeiro, é necessário compreender a realidade: a direita sofre abalos, ao mesmo tempo que a esquerda demonstra uma breve recuperação na representatividade política. Nós podemos ter dimensão disso até sob olhar internacional. Há poucos dias, o mundo soube que o chefe da maior potência mundial não seria mais Trump, mas sim Biden.

Sobre esse ponto, é necessário enxergar mais a fundo do que uma mera eleição americana. Trump perder o poder dos EUA significa que a direita brasileira, vista com Bolsonaro, perdeu um aliado – mais um, diga-se de passagem. Primeiro, caiu Macri na Argentina. Agora, Trump. Resta Piñera, no Chile, e veremos Bolsonaro acurralado e sozinho, com o rabo entre as pernas.

No aspecto nacional, as eleições municipais demonstraram leve aumento da representatividade para os partidos de esquerda, mesmo que a hegemonia ainda seja da centro-direita na maioria das cidades do país. Entretanto, isso levanta uma questão crucial: quanto tempo durará a onda conservadora no país com uma direita desorganizada e que divide seus próprios ideólogos e simpatizantes?

A verdade é apenas uma: enquanto o “maior expoente” da direita brasileira for um pseudofilósofo reacionário, Olavo de Carvalho, o movimento conservador não passará de uma primavera, assim como foi a recente Primavera Árabe, no Oriente Médio. Primavera, porque é uma estação que logo passa, não é duradoura.

Anotem o que estou dizendo: como toca a música, o ritmo bolsonarista está caindo, perdendo força. Ouso dizer que para 2022, o presidente não tenha forças para uma reeleição – ainda mais com as recentes medidas populistas e irresponsáveis tomadas nessa pandemia. E com isso, há o medo de que se perca tudo o que foi tentado mudar no país. Tudo como fruto de pura incompetência política.

Matheus Augusto

Matheus Augusto da Cruz, acadêmico de medicina da Unidep, dono das páginas Aletheia, no Facebook e @apriorialetheia, no Instagram