ALETHEIA

Outubro e o Dia das Bruxas do Brasileiro

Foto Paulo Caron

Como o pastelzinho denuncia um cara-de-pau na política.

O mês de outubro traz à memória eventos e passagens marcantes da
cultura humana. Enquanto nos Estados Unidos celebra-se o Halloween, aqui
no Brasil temos de fato um período tão obscuro quanto o dia das bruxas: a
mágica do populismo com a chegada das campanhas eleitorais.
É fato que o brasileiro tem em sua cultura o populismo. Não é
necessário voltar muito no tempo para ver como essa filosofia política está
emaranhada no país e na sua forma cultural de fazer política. Basta olharmos
para a era petista que veremos a onda de populismo que fez parte do governo,
mascarada dos auxílios governamentais.
É claro que acredito nas boas intenções desses auxílios, como “Minha
casa, Minha Vida”, Bolsa Família e afins. Mas deve-se ter em mente que na
hora de pôr em prática, essas políticas tinham por finalidade alcançar a massa
eleitoral e fazer novos contribuintes partidários. Não sejamos ingênuos quanto
a isso.
Nesse sentido, hoje vemos o populismo na face de Bolsonaro e seu
governo. A Renda Brasil, ou melhor, Renda Cidadã – que está para ser
concretizada, diga-se de passagem – e o Auxílio Emergencial são as marcas
de inspiração petista para o populismo bolsonarista. Não é à toa que a
popularidade de Bolsonaro cresceu durante a pandemia após o Auxílio.
E é justamente pelo populismo que outubro é um período tão assustador
em anos pares. Trata-se do período da politicagem, ao nível municipal.
Prefeitos e vereadores que, se eleitos, “transformarão a sociedade e renovarão
o município”. Sempre a mesma balela no discurso e na prática pouca coisa é
feita, quando feita.
Além disso, do discurso furado e da demagogia que ronda os debates e
campanhas eleitorais, há também o famoso pastelzinho. Se o seu político local
não foi à feira da cidade pegar um pastel e caldo de cana, cuidado: ele pode
não ser tão populista, indo na contramão da maioria.

O pastelzinho com caldo de cana virou marca daqueles que, geralmente,
são ricaços querendo se pagar de povão. Quase sempre, são as pessoas mais
falsas que buscam alavancar-se na política, usando de símbolos populares,
como o pastel, como marca de suas “raízes humildes e populares”.
Por fim, ficar de olho no candidato é mais do que nunca essencial.
Afinal, para que esses caras-de-pau não cheguem ao comando municipal,
basta analisar se eles vivem um populismo forçado, se dialogam com o povão
apenas no período eleitoral.
Já vi muita gente que não dá bom dia e depois se candidata a vereador
e vem te pedir voto.
A esses, ofereço apenas um pastel. Não merecem mais que isso.

Matheus Augusto

Matheus Augusto da Cruz, acadêmico de medicina da Unidep, dono das páginas Aletheia, no Facebook e @apriorialetheia, no Instagram