ALETHEIA
Notas do Subsolo e o Setembro Amarelo
Recentemente, citei essa obra de Dostoiéviski(1821-1881) em minhas colunas por se tratar de uma leitura, ou melhor, releitura, que estou realizando no momento. É de fato importante, com o passar do tempo, rever obras tão importantes na construção do pensamento filosófico e Notas do Subsolo faz parte dessas obras.
Uma das questões mais centrais sobre o livro e que o autor aborda magistralmente é a questão da liberdade. Dostoiéviski deixa explícito como o ser humano entende a sua realidade e o uso de sua liberdade. E é ai que se encontra a insensatez do ser humano: segundo o autor, o homem é capaz de agir errado única e exclusivamente para exercer sua liberdade – nem que para isso ele acabe sentenciando e prejudicando a si mesmo. Para o escritor russo, é a liberdade o sentido da vida humana e, uma vez que suprimida do homem, esse perde seu propósito.
Nesse contexto, saindo da literatura e aplicando à realidade, notamos que essa reflexão faz de fato sentido. Afinal, não é difícil você ver o suicídio em penitenciárias, ou em sociedades que reprimem a vontade individual, como por exemplo, as civilizações em que a mulher é oprimida pelos costumes do patriarcado. Para se ter ideia, o Ministério da Saúde divulgou que as mulheres são as que mais tentam suicídio no Brasil. Coincidentemente, temos o posto de quinto país com a maior taxa de feminicídio no mundo, segundo o Mapa da Violência.
E está coluna reserva-se justamente para o falar sobre o suicídio. Para além do Setembro Amarelo, o suicídio deve ser comentado sempre para que, através do debate, a realidade brasileira possa ser transformada.
Para se ter ideia, o Brasil ocupa a oitava colocação na taxa de suicídio mundial. É muita coisa, não se engane.
Por isso, não alimente pensamentos suicidas, tão pouco deixe que um conhecido seu seja alimentado por essas ideias. Converse com alguém de confiança, procure ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras, faça uso de rotinas saudáveis e busque, acima de tudo, ressignificar sua vida. Há também o Centro de Valorização à Vida (CVV), que auxiliará aqueles que estiverem deprimidos. Basta ligar no número 188.