Pandemia

O olhar dos brasileiros que moram no exterior

Por Mayélli Carolina

Afetando milhares de pessoas no mundo todo, a Covid-19 ainda assusta muitas pessoas. Hoje, vamos conhecer o depoimento de três brasileiros que decidiram ir embora por inúmeros motivos, mas, que estão convivendo com a realidade da doença.

Ilha da Esmeralda

Há quatro anos morando na Irlanda, a família de Iandú Renan B. de Oliveira aponta fatores como a diferença social, econômica, segurança e igualdade como os principais fatores para a mudança, além da oportunidade em se tornar bilíngue.”Ela é o terceiro país que tem o melhor salário mínimo na Europa, atualizado em 10,10 euros por hora. Qual área de escolha, pode te oferecer uma vida digna e confortável. Nòs inciamos em restaurantes, moramos com outro casal de estrangeiros, o que nos proporcinou uma certa diminuição de custos, mas também, era preciso ter limitações de algumas áreas”.

Atuando em uma empresa tecnológica na área farmacêutica, o controlador de dados vive com a esposa Jovana e filho Ian. Ela conseguiu voltar para a carreira de pedagoga após o aperfeiçoamento da língua inglesa. Quando a doença chegou, o governo foi muito rígido com as restrições e medidas de segurança, por isso, ela está apenas cuidando do bebê e rebendo o auxílio que o governo estipulou. Rena faz home-office e a empresa para a qual trabalha forneceu suporte, materiais e equipamentos necessários para a montagem de um escirtório em casa. “Nas primeiras semanas os comércios considerados não essenciais já foram fechados. Quem não pode trabalhar, recebeu 350 euros por semana. Compras somente on-line, relacionamentos limitados, uso obrigatório de medidas de segurança, pubs com números restritos”, explicou ele.

Inicialmente, houve um plano de quatro fases para que a normalidade voltasse, mas após esse período, os números voltaram a subir. Novas restrições foram feitas pelo governo, mas o auxílio financeiro para quem não pode voltar ao seu trabalho continuou. Hoje, os dados atualizados são de aproximadamente 28.811 casos confirmados e em média 1.777 mortos.

Canadá e o futuro do home-office

O gerente de projetos Diego Marcel Zanotto e sua Esposa Suélly visitaram o Canadá e não largaram mais. Há dois anos no país, o pensamento em melhorias e o futuro mais apto para a criação de um filho, foram fatores que pesaram na decisão. “Aqui as pessoas são educadas, não cometem erros banais no trânsito, é um local limpo, seguro, organizado. Além disso, a bebida alcoólica possui venda controlada pelo governo e a possibilidade de alguém conseguir se tonar um cidadão canadense, é muito maior do que, por exemplo, nos Estados Unidos”.

O país está entrando em fase 3. Máscaras não são obrigatórias nas ruas, empresas realizaram mapeamentos para número de pessoas em espaços comuns, shoppings já estão em funcionamento bem como restaurantes e lojas de rua, porém, hotéis ainda continuam fechados. “Quando a pandemia teve início, a Su precisou terminar o college em casa e eu já inciei o meu em home-office. Saíamos apenas levar os cachorros passear. Muitas empresas ainda continuam abertas mas a obrigatoriedade presencial não é necessária. O que aconteceu com muitos imigrantes foi a questão do visto, já que existe uma ligação direta com o emprego. Estudantes também estão tentando pedir revisão de valores nas faculdades, pois como não utilizam do espaço físico, pedem que as mensalidades diminuam”, descreveu o gerente.

Zanotto afirmou que o futuro das empresas canadenses é o home-office, e que muitos podem produzir mais e melhor no conforto de sua casa. “Entrei em um acordo com o meu chefe e estipulamos alguns dias apenas para a minha presença quando essa pandemia tiver fim. Na minha opinião, muitas empresas irão aderir a esse modelo, o que vai deixar muitos imóveis para locação, serviços de limpeza, alimentação e manutenção ficando para trás”. Hoje o Canadá conta com 128.224 casos confirmados e 9.120 mortos.

Maquiando em Lisboa

Trabalhando como cabelereiro e maquiador  de pessoas do meio midiático em Portugal, Ruan Kenndrew Guimarães explica que existe igualdade de preços de imóveis entre Lisboa e Francisco Beltrão. “Eu sempre quis morar fora do Brasil, mas me sentia privado de alguns trabalhos. Sempre fui  muito criativo e queria fazer coisas diferentes. A maior diversidade que senti, foi em relação ao custo de vida. Aqui se come-se bem pagando pouco. Para se ter uma ideia, pode-se comprar um apartamento em Lisboa com o mesmo valor que se compraria em Beltrão. Em compensação, o salário é o mais baixo da Europa. Mesmo assim, eu consigo conciliar outros trabalhos e vivo bem com o que ganho”.

Como trabalha no meio artístico, mesmo não querendo, acaba sabendo das notícias da pandemia. Em suas palavras, “por mais que Portugal tenha descoberto o Brasil, são países muito diferentes”. Segundo ele, tudo é levado com o máximo de seriedade. “Logo nos primeiros casos, as fronteiras foram fechadas, entramos em estado de quarentena, matérias foram publicadas elogiando as medidas tomadas aqui. Tanto que não somamos nem 1.900 mortes desde o início. Somente hospitais e supermercados permaneceram abertos. As pessoas que precisassem trabalhar, tinham que apresentar um termo de autorização. Nas ruas, o uso de máscaras não é obrigatório, mas em locais fechados, quem não usa leva multa. Apenas escolas e faculdades ainda não retomaram suas atividades, mas o restante funcionada com horários estipulados e medidas cabíveis de segurança”. Em Portugal são aproximadamente 58 mil casos e 1.822 mortes.