ALETHEIA
Autoritarismo Rastaquera.
O século XX foi um período em que várias ideologias autoritárias emergiram e transformaram o tecido social. As guerras mundiais, por exemplo, foram consequências evidentes de ideologias que entravam em choque, disputando o poder. Nisso, creio que convém analisar se o autoritarismo se mantém nos dias atuais, ou é mera coisa do passado.
Uma das grandes características do autoritarismo, seja de esquerda ou direita, é a censura e manipulação da mídia. Na URSS, como na Alemanha Nazista, o jornalismo era orientado a valorizar quase que a tempo todo o governo. Do contrário, a censura era inevitável.
Nossa ditadura militar é um grande exemplo disso. A censura era não só vista no jornalismo, como também nas músicas e eventos culturais. “Brasil: Ame-o ou deixe-o” era o slogan do período mais autoritário da ditadura. Óbvio que com isso, falar mal do governo era impensável. Restava, portanto, a opção de manipular a mídia para que dela resultasse a propaganda do governo. Hitler, muito tempo antes, também usava dessa artimanha, manipulando filmes para propagar a ideologia nazista.
Não somente na mídia, outro ponto do autoritarismo é o culto ao líder. Na China e Coreia do Norte, por exemplo, o culto a Mao Tsé-Tung e a Kim II-Sung, respectivamente, é ensinado desde a infância. Nada diferente em Cuba, com a imagem de Fidel Castro, ou na antiga Itália de Mussolini.
A questão é: esses pontos são coisa do passado ou de fato ainda existem flertes com o autoritarismo?
No Brasil atual, três grandes emissoras televisivas (Record, Band e SBT) nos últimos tempo têm paparicado o governo. A parceria é evidente: o repasse de verbas a essas organizações foi ampliado desde a eleição de Bolsonaro.
Nesse contexto, a idolatria ao presidente também é algo notável. “Mito”, “Capitão”, entre outras expressões “religiosas” têm aparecido para referenciar o chefe do executivo, numa tentativa de engrandece-lo em contraponto à pouca mídia que insiste em denunciar seus erros.
A pergunta que fica é: vivemos em um autoritarismo ainda em consolidação? A questão de semelhança entre o que vivemos agora e o que a história nos apresenta é clara. Por isso, é importante a atenção da sociedade ao contexto atual, a fim de evitar a genuína consolidação daquilo que há tempos lutamos contra.