ALETHEIA

Pão e Circo retornam com o Futebol

Na segunda (6) fez dois anos que o Brasil perdeu amargamente para a Bélgica, por 2×1, na Copa do Mundo na Rússia. É quase unânime: essa derrota foi amarga. O grito do gol ficou entalado na maioria das gargantas brasileiras. Nisso, é possível notar o poder do futebol em paralisar a atenção popular e, como consequência, também fica notável o uso desse esporte para usar de cortina de fumaça aos assuntos sociais do Brasil. Há tempos, o futebol encabeça o Pão e Circo no país.

Veja bem, o futebol é um esporte lindo. É cultural termos uma admiração por esse esporte que revelou craques nacionais ao mundo, que tira vários da miséria e que dá sentido à vida de tantos outros. Mas, sobretudo, ele aliena as massas em boa medida.

O Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, é o lugar de maior taxa de letalidade para o Covid-19, sendo atualmente o terceiro em número de casos, segundo dados do Ministério Público. Mesmo assim, esse Estado flexibilizou a volta do campeonato estadual de futebol.

O Flamengo, por exemplo, concordou com a medida provisória do Governo para com uma mudança dos direitos de transmissão dos jogos, prejudicando assim a Rede Globo, que detém da maioria desses direitos, além de também ser a favor da volta do futebol estadual.

Curioso pensar nesse alinhamento entre o clube rubro-negro e o presidente, contra a Globo. Mais curioso ainda é ver a indiferença que alguns clubes apresentam ter em relação à situação crítica do Estado, em que “mesmo que o Rio vá mal, o futebol deve voltar”.

Nesse contexto, Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, está de mal a pior no comando do Estado, enfrentando até a realidade de impeachment. Ainda, Marcelo Crivella, prefeito da capital carioca, é criticado de todos os lados pelas medidas péssimas ao combate do coronavírus nessa pandemia.

É triste analisar que, de todo o caso, o futebol está sendo usado como peça de alienação. Na Roma Antiga, por exemplo, os espetáculos no Coliseu, junto da comida cedida aos pobres, eram peças para alienar o povo diante das atrocidades cometidas pelo governo à época – configurando o conhecido Pão e Circo. Dessa forma, também, o futebol tem se mostrado cada vez mais próximo de uma ferramenta, sobretudo, política.

Na linguagem futebolística, sai de cena a política desastrosa na pandemia e entra o futebol para ocupar lugar na mídia.