ALETHEIA

Ressignificação na Pandemia.

Em tempos de pandemia, o que não falta no pensamento popular são os sentimentos adversos que o confinamento social traz. Ansiedade, depressão, síndrome do pânico; histeria coletiva e até mesmo suicídios têm configurado essa realidade transitória.

Nesse contexto, o medo de não trabalhar assola o brasileiro médio. Tortura-o pensar em não ter dinheiro ao final do dia para comprar o alimento para família, ou não conseguir adquirir qualquer remédio nessa crise sanitária. Essa tortura, caracterizada pelo medo, tem feito grandes estragos na mente da esmagadora maioria da sociedade, como bem pontuado anteriormente.

Cada vez mais percebe-se a solidão como única companhia nessa crise. Afinal, interações sociais são escassas, proibidas. O governo é ausente, apresentando em sua direção um mandrião, como pondera o professor Marco Antônio Villa, que não trabalha, que fica de mãos livres enquanto deveria agir para cuidar dos mais necessitados. Obviamente, alguns ainda defenderão o mandrião devido a migalha do “coronavoucher” que ele disponibiliza à população. Mas quando ele tem a oportunidade de se comunicar com a imprensa sobre as vítimas do Covid-19, solta um “E daí? Sou Messias, mas não faço milagre”. Sim, o brasileiro está sozinho nessa, por mais duro que seja admitir.

Só que por um lado, a solidão dá espaço para refletir e ressignificar certos aspectos da vida. Obviamente, não me iludo pensando que a pandemia irá fazer o ser humano evoluir moralmente. Já passamos, ao longo da história, por fenômenos semelhantes e o homem continua sendo mesquinho, avarento, egoísta e, certa medida, ignorante àquilo que está a sua volta. Mesmo assim, a pandemia tem transformado alguns padrões sociais que antes eram imóveis. O maior exemplo disso é a consolidação do Ensino a Distância(EAD), com os inúmeros cursos que hoje são oferecidos via internet– além é claro da preocupação coletiva em torno do cumprimento do distanciamento social. Alguns, também, têm investido tempo em leituras e em desenvolvimento pessoal.

Nisso tudo, faz extremo sentido a frase atribuída a Sartre (1905-1980) de que “não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você fez daquilo que fizeram com você”. Com toda certeza, não é um pensamento que vale a todas as situações – principalmente se você foi vítima de um crime hediondo -, mas sem dúvidas, para a situação atual da pandemia, é totalmente bem-vindo.

Certamente, se você for pobre no Brasil, tudo fica mais difícil. Quanto a isso, resta-nos unicamente a fé, pois nada que é ruim dura pra sempre. Mesmo que, com o governo atual, nada é tão ruim que não se possa piorar.

Matheus Augusto

Matheus Augusto da Cruz, acadêmico de medicina da Unidep, dono das páginas Aletheia, no Facebook e @apriorialetheia, no Instagram