Aletheia

Precisamos falar de saúde mental nessa Pandemia.

A era da globalização há tempos tem dado espaço para o desenvolvimento de problemas de ordem psicológica. Com a entrada ao período de pandemia, não é diferente. Entretanto, acredito que a discussão acerca da saúde mental da população tem sido ofuscada pelos debates sobre a crise sanitária propriamente dita, bem como a crise financeira e, no âmbito brasileiro, com a crise política. Nessa coluna, trago à luz da discussão como é a realidade psicológica na pandemia e a necessidade de dar atenção a saúde mental das pessoas.

Primeiramente, sob a visão popular, encontramos diversos fatores que auxiliam no desenvolvimento de transtornos psicológicos nesse momento. Hoje, a maioria da população se vêcom a frustração em não poder trabalhar, com a preocupação em por comida na mesa, pagar contas; cuidar dos filhos – que não vão à escola por não haver aula – e principalmente, pelo medo de ser contaminado pelo Covid-19, morrer ou ver um ente querido ser uma vítima fatal. Essa realidade contribui para o desenvolvimento da ansiedade, do stress, da síndrome do pânico, entre outros problemas, em nossa sociedade.

  Somado a isso, ainda há o fato dos distanciamentos sociais. Segundo o filósofo Aristóteles (385 a.C – 323 a.C) o homem é um animal social que necessita da convivência de seu semelhante para poder suprir sua carência. Desse modo, o distanciamento que vivenciamos no período de pandemia contribui para o surgimento de sentimentos de solidão e depressão. Isso é ainda mais nítido quando se relaciona aos públicos de risco, como os idosos.

Outro aspecto a ser levantado é também a questão da saúde mental dos profissionais de saúde. Esses, compõem a linha de frente ao combate do coronavírus, vivenciando óbitos, falta de equipamentos de proteção individual e falta de estrutura em hospitais. Isso sem contar no fenômeno da traumatização vicária, em que pessoas que não sofreram diretamente um trauma passam a apresentar sintomas psicológicos decorrentes da empatia por quem sofreu. A situação dos médicos e enfermeiros do país é dura. Pior ainda, é a negligência que se vê diante dessa realidade.

Por isso, é fundamental que essas pessoas busquem auxílio psicológico. Atualmente, é liberada a terapia remota, seja por telefonemas, videoconferência, cartas ou até mesmo presencialmente (esse, caso seja extremamente necessário, a fim de se minimizar o contágio).

Obviamente, quem é pobre sai mais prejudicado. Além de enfrentar as preocupações gerais que todos sentimos, ele enfrenta a fome, a miséria e principalmente, o esquecimento pelo Estado.

Certamente, seria imprescindível que o governo custeasse o tratamento psicológico às camadas mais pobres. Uma pena que isso possivelmente seja uma utopia. Ao menos, quando o líder do país faz piada entre doença e refrigerante tubaína, fica subentendido que estamos em um barco à deriva, e nesse aspecto, a saúde mental deve ficar de lado.

Matheus Augusto

Matheus Augusto da Cruz, acadêmico de medicina da Unidep, dono das páginas Aletheia, no Facebook e @apriorialetheia, no Instagram