Sempre por Perto
E Ele Está Aqui – Capítulo 03 – Os Mesmos Amigos e Novas Posturas
Morando no mesmo lugar e convivendo com as mesmas pessoas que me conheceram como um indivíduo problemático seria de fato um desafio ver o desabrochar de um novo Fernando que interiormente se instalara mas que ainda precisaria se expressar na vida e na convivência. Nenhuma mudança que se efetive consolidada acontece da noite para o dia.
Meus amigos do bairro continuavam os mesmos, minha geografia de influencia igualmente. O que todos estavam esperando ver é o que mudaria de fato em minha vida.
Quando lhes contei que havia passado a frequentar a Igreja Evangélica, um deles me disse: “Não lhe dou 6 meses para que esteja conosco, fazendo o que você sempre fez conosco”.
Guardei aquelas palavras e percebi o tamanho do desafio e da responsabilidade de minha decisão.
Eles não acreditavam que minha postura era séria, comprometida. Não entendiam que não se tratava de uma mudança de religião, mas sim, mudança de vida.
Continuava a jogar futebol, vôlei, fazer passeios ciclísticos no entorno da Lagoa da Pampulha com todos eles. Deixei os vínculos de amizade abertos e sempre que podia contava algo da minha experiência.
Antes, com eles, víamos juntos as revistas pornográficas que tínhamos em coleção. Curtíamos as bandas emergentes dos anos 80. Nas festas do bairro éramos intensos nas danças de grupo, embalados pelos passinhos da “era dancing days” ou pelas músicas lentas com rostos colados junto às meninas da região.
Percebendo o vazio e a futilidade de muitos destes comportamentos e a ausência de significado nisto no qual procurávamos a paz e a felicidade, fui mudando pouco a pouco minhas preferências musicais e de postura.
Agora, o desafio era o de, estando eles a contar piadas sujas ou ver as revistas, assentados nas esquinas, assim como fazíamos, pedir licença e ir para casa, pontuando que aquele não era mais o mundo da minha mente.
A partir de um tempo, quando eu chegava para estar com a turma e eles estavam fazendo algo assim, diziam ironizando: “–Vamos parar com isso que o São Fernando está vindo ali”.
Pouco a pouco eles perceberam que minhas posturas estavam mudando. Deixei de usar palavrões em minha linguagem, comecei a falar sobre fé com eles quando a oportunidade se apresentava. Procurava, dentro do meu conhecimento superficial, responder às curiosidades e perguntas que eles tinham.
Consegui manter estas amizades sem conflitar e afastá-los com julgamentos ou soberba, isto seria muito importante para os dias futuros que Deus tinha para mim.
Aprendi com Jultânia e Dulciane que eu teria, a partir de então, muitas oportunidades para ser benção na vida deles. Que eu precisava também saber o momento de dizer não, de não permitir que a influência das amizades me afastasse de Deus e de sua Palavra.
Como comecei a ir aos cultos, praticamente todos os finais de semana e nosso lazer com a turma diminuiu.
Agora eu estava procurando andar mais com o pessoal da mocidade Peniel e volta e meia fazíamos algo juntos que sempre tinha como centro estar com o Senhor e Sua Palavra, além de experiências de lazer, é claro.
O processo da metanóia ( transformação) de Deus estava se iniciando em minha vida.
Esta aventura estava apenas começando porque Ele estava ali, me edificando, me orientando, falando comigo e usando pessoas para que eu pudesse entender o que Ele queria fazer na minha vida e através da minha vida. Mas havia muito... muito ainda mais a conhecer...