Sempre por Perto
E Ele Está Aqui – Capítulo 02 – O Céu no Ônibus
O retorno da Igreja aos Domingos acontecia perto das 22 horas, quando tínhamos que pegar o ônibus no centro da Cidade, depois de nos deslocar a pé desde o bairro Carlos Prates onde cultuávamos.
Conhecíamos os horários prévios das lotações, mas algumas vezes nos atrasávamos e daí apenas 40 ou 50 minutos depois tínhamos a oportunidade de pegar um outro ônibus.
A fila de espera no ponto ia se tornando concorrida e nela múltiplas pessoas com as Bíblias nas mãos, originadas de diversas igrejas, esperavam pacientemente a chegada da lotação e conversavam animadamente sobre vários assuntos, especialmente sobre o culto do qual haviam participado.
Foi assim que fui apresentado a irmã Ana e ao Maurílio, seu filho, ambos frequentadores da Igreja Assembléia de Deus.
Dulciane já os conhecia e me apresentou como “seu filho na fé”, linguagem esta que eu desconhecia até então, mas como bom aprendiz, apenas observei.
A irmã Ana tinha um estereótipo meio diferente. Seu coque no cabelo e seus longos e simples vestidos denunciavam que ela fazia parte de uma igreja mais conservadora em seus hábitos de vestir. Desprovida de maquiagem, batom ou coisas tais, soube posteriormente que este era o hábito das igrejas conhecidas como Pentecostais.
O mais lindo de tudo isto era que, apesar de seu perfil pentecostal, a irmã Ana, transbordando amor e simpatia, jamais efetivou qualquer menção ou preconceito acerca de nossa postura diferente como batistas que éramos.
Com ela ouvíamos as mais tremendas experiencias que alguém poderia ter com Deus, libertações, batismo no Espírito Santo, vigílias no monte e outras coisas mais.
Ela compartilhava com muito entusiasmo dos feitos do poder de Deus em sua vida, como muitas vezes ela mesmo recebeu curas de Deus e como Deus havia passado a usar a sua vida.
Algumas vezes, enquanto ela nos contava estas coisas, ali mesmo no ônibus, se emocionava e pronunciava palavras em uma língua que eu desconhecia.
Eu observava e começava a perceber que a experiência com Deus era algo muito mais do que apenas possuir uma religião. Era um relacionamento vivo e poderoso com um Deus que se manifesta.
O ônibus Vila Clóris, após as 22 horas aos Domingos, era palco muitas vezes de visitações de Deus, comunhão e consolidação de fé. Mas haviam muitos que não percebiam isto, mesmo estando ali.
Foi ali que a irmã Ana nos disse: “Vocês precisam buscar a Deus, buscar o batismo no Espirito Santo, a fim de que o poder de Deus transborde na vida de vocês.”
Ouvi atentamente o seu conselho, mas eu precisava ainda aprender mais, caminhar mais, buscar mais.
Os meses se passariam rapidamente e os relacionamentos de fé, agora ampliados, levar-me-iam a buscar o aprofundamento nesta aventura do crer. Então conheceria o significado de ver de perto o poder de Deus em ação.