Levantamento mostra como o medo da Covid-19 impactou venda de medicamentos

Por CRF-PR

Conselhos de Farmácia aproveitam o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos para alertar sobre riscos do uso inadequado e orientar que farmacêutico seja sempre consultado

Em meio a uma das maiores pandemias da história, os conselhos de Farmácia realizam, a partir de 5 de maio, mais uma campanha sobre a importância do uso racional de medicamentos para a proteção à saúde. A data é alusiva ao tema e nesse ano, em que o mundo enfrenta um inimigo poderoso e desconhecido

A vitamina C ou ácido ascórbico, que teve propagado o seu “efeito preventivo” contra o novo coronavírus em fake news, foi a campeã em comercialização. Também foi verificado um crescimento no consumo da vitamina D ou colecalciferol e da hidroxicloroquina sulfato, a qual foi atribuída a capacidade de curar a Covid-19. Foram pesquisados, ainda, os medicamentos isentos de prescrição que podem ser indicados para amenizar os sintomas leves da Covid-19. No caso do Ibuprofeno, as vendas caíram, provavelmente porque o medicamento, por um breve período, foi relacionado ao agravamento de casos da doença.

Os conselhos de Farmácia alertam que todos os medicamentos oferecem riscos. Mesmo os isentos de prescrição podem causar danos, especialmente se forem usados sem indicação ou orientação profissional. Dependendo da dose o paracetamol pode causar hepatite tóxica. A dipirona oferece risco de choque anafilático e o ibuprofeno é relacionado a tonturas e visão turva. Já o uso prolongado da vitamina C pode causar diarreias, cólicas, dor abdominal e dor de cabeça. E com a ingestão excessiva de vitamina D, o cálcio pode depositar-se nos rins e até causar lesões permanentes.

Os riscos são mais graves em relação a hidroxicloroquina, medicamento indicado para tratar doenças como o lúpus eritematoso. Da mesma forma que a cloroquina (indicada para a malária, porém disponibilizada apenas na rede pública), a hidroxicloroquina pode causar problemas na visão, convulsões, insônia, diarreias, vômitos, alergias graves, arritmias (coração batendo com ritmo anormal) e até parada cardíaca. O uso de hidroxicloroquina ou cloroquina em pacientes internados com teste positivo para o novo coronavírus ainda não tem evidências representativas. Portanto, se justifica apenas com supervisão e prescrição médica, atualmente, com retenção de receita.

A presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná (CRF-PR), Dra. Mirian Ramos Fiorentin, destacou ainda que, quando uma epidemia acontece, a farmácia é o estabelecimento que está na linha de frente e tem uma responsabilidade crucial na proteção à saúde da população. “Ela é frequentemente o primeiro ponto de contato para quem tem problemas relacionados à saúde ou, simplesmente, necessita de informação e um aconselhamento confiável. Além disso, as farmácias tornaram-se parte indispensáveis ao sistema único de saúde”, ressaltou a presidente. “Nós, os farmacêuticos, atuamos diretamente no trabalho diário combatendo a disseminação da doença e orientando a população quanto ao uso racional de medicamentos”, finalizou.